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segunda-feira, 31 de maio de 2010

VAMOS FICAR DE OLHO...

Legalidade: o pronunciamento na Câmara
Falei, há poucos minutos, na tribuna da Câmara e transcrevo, abaixo, as notas taquigráficas da minha fala. Daqui a pouco coloco o vídeo.

O SR. BRIZOLA NETO (PDT-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a base da democracia é o voto de cada brasileiro. A eleição tem que ser decidida nas urnas, não nos jornais, não na televisão e nem na Justiça. A eleição é a hora de o povo falar diretamente. Aquelas instituições não têm o direito de se substituírem ao povo, nessa decisão, como nós Deputados, não o temos.

Assistimos a um processo eleitoral que está sendo levado pela mídia e pela Oposição, não às ruas, mas aos tribunais. O Presidente Lula está quase que proibido de falar o nome de quem apoia.

As pesquisas dizem que metade dos brasileiros deseja votar no candidato do Presidente, mas a Oposição e a imprensa pressionam todo dia o Poder Judiciário para que o proíba de falar. Proíba, para ocultar ao povo que sua candidata éDilma, enquanto José Serra desfila como lulista.A farsa depende do silêncio.

Ora, senhoras e senhores, manifestar preferência não é pedir voto. Nós, aqui nesta casa, também somos agentes públicos. Não podemos usar nossos gabinetes, nossas cotas, os serviços pagos com dinheiro público para pedir votos.

Isso está correto, corretíssimo.

Mas imaginem se fôssemos impedidos até de falar o nome de quem apoiamos. Somos agentes públicos e agentes políticos, tanto que só podemos estar aqui, como também só pode estar lá o Presidente, se filiados a um partido político.

Quem está proibido de preferência partidária são os membros do Judiciário e os que atuam junto a ele, como a Procuradoria da República. Eles têm o dever da prudência e do equilíbrio, até para não tumultuarem as eleições. Ontem, uma Vice-Procuradora deu entrevista à Folha de S.Paulo em que,ao menos no que foi publicado, ameaça de cassação a candidatura Dilma.

Hoje, na mesma Folha de S.Paulo, o Sr. Roberto Jefferson anuncia o expediente, expressamente proibido em lei, de entregar ao candidato Serra o horário de TV do PTB, como fez e está fazendo ainda o DEM, sem que o Ministério Público tenha sequer reagido.

Há dois pesos e duas medidas? Mais rigor da lei para uns e nenhum para outros?

Nós vamos reagir com serenidade, pacifica e legalmente. Os democratas e patriotas deste País vão se unir a uma campanha pela legalidade como a que fez Brizola em 1961. Ninguém vai decidir em quem o povo pode ou não pode votar.

Não ao golpe eleitoral! Não ao tapetão judicial!

Eleição se ganha é no voto.

Obrigado, Sr. Presidente

Fonte: Tijolaço




quinta-feira, 27 de maio de 2010

PÃO ALIMENTO E VIDA








A história do pão tem sua raiz nos primórdios tempos, quando o homem era nômade, caçador e pastor (veja a relação deste período no sítio arqueológico da Pedra Pintada, em Cocais). Portanto, é um dos mais antigos alimentos do mundo. Alfredo Saramago, em seu livro "Doçaria Conventual do Norte - História e Alquimia da Farinha" nos dá uma idéia do que "as delícias da sedentarização" fez com o homem daquela época, levando-o a buscar outras fontes de sobrevivência - o que ela chama de "novo capital": os cereais.

Como os cereais levam tempo para frutificar e também no preparo, eles, os nômades, forçosamente, sentiram a necessidade de fixarem moradia. O resultado deu certo, nascendo aí, quem sabe, a vida sedentária (hoje em dia tão combatida).

O grão facilitou a sua vida, deixou de correr risco: com as caças, com prejuízo das crias, e evitou os riscos de não encontrar uma nova morada melhor, uma caverna...











Provavelmente, começou a experimentar o conforto que o sedentarismo podia lhe proporcionar: Ele é prejudicial mas é gostoso!
Na Capadócia (Turquia) encontramos as primeiras habitações do homem, quando deixou de ser nômade para assumir a postura de sedentarista. Existe um pão muito famoso naquela região chamado de "Pão à moda da Capadócia" cuja receita substitui a água pelo leite, ao fazer a massa. Até então usava-se somente a água.

Nascia aí, então, um novo estilo de vida: era o conforto de ter os grãos dos cereais selvagens à mão, dando-lhes tranqüilidade de uma alimentação. A vida tornou-se mais segura: evitaram as constantes perdas humanas, o perigo sempre presente, a incerteza de ter ou não, de uma refeição. Esta nova proposta de vida lhe trouxe uma expectativa de vida mais longínqua e de melhor qualidade. A antropologia nos revela que até os mais velhos, os doentes, as mulheres, ganharam muito com isso, pois não foram vistos como empecilhos nos seus trânsitos.

Surge, também, o aumento populacional. A energia já não era tão empregada nas suas locomoções!

"As relações entre homens e mulheres, velhos e novos modificaram-se, com o aparecimento de outros estatutos, ocasionando uma nova hierarquia. A presença de velhos nas sociedades deu origem à "nascença" de mais memórias, de tradições, de experiências, de verdadeiras raízes culturais. Iniciou-se uma cultura, e não será por acaso que assim se chama também o ato de trabalhar a terra para o nascimento dos cereais: nasceram, ao mesmo tempo, a cultura dos povos e a cultura das plantas."





                     Alfredo Saramago





A era dos grãos








Com tanta praticidade, conforto e segurança, o homem acomodou-se e não quis mais se mexer. Empregou suas energias em outras criatividades e prazeres. Veja o pensamento de Alfredo Saramago: "as provas são evidentes e várias: as estações de caçadores em vias de reconversão à sedenterização na região de Taurus-Zagroz na Turquia, no Egito, na Núbia, etc." Para isso era necessário a busca de terras ricas e produtivas, passaram a acampar em locais onde a terra era apropriada para o cultivo.

Desenvolvera a pesquisa do solo! Seus abrigos eram modificados e duradouros: abriam buracos e fendas em rochas para abrigarem-se, enquanto outros moldavam pedras para fazerem utensílios, moedores de grãos (quem sabe os moinhos d'água não tiveram raízes aí?). De acordo com Saramago, esse período vai de 7000 a 10000 anos antes da nossa era.

Na costa oriental do Mediterrâneo - na Suíça, na Palestina, principalmente ao longo dos rios, nestas regiões, sempre é possível encontrar vestígios da cultura de cereais. Com as inundações dos rios, nas margens de seus leitos eram depositados materiais orgânicos, enriquecendo o solo, aí lhes era oferecido uma terra boa para o plantio de sementes de cereais. Essa tradição é usada no mundo, até hoje, por todos os ribeirinhos.

Presenciei isso quando passei algum tempo em reservas indígenas. Os rios Nilo e Eufrates foram uns dos mais colaboradores para a criação desta tradição: há cerca de 3000 anos a.C, já era praticado esse sistema. Mais tarde surge a técnica da irrigação, dando impulso ao cultivo do centeio e do trigo. A irrigação surgiu da necessidade de ampliar a área de plantio de grãos, devido ao aumento populacional. Em Jericó - antiga cidade da Palestina, nas margens do Jordão, buscaram novas invenções e melhorias da técnica, na tentativa de melhorar e aumentar a produção de trigo e centeio, depois de muitas dificuldades nas plantações, colheitas e armazenamento. Casualmente, foram descobrindo bons modos de plantio e processamento. Os grãos consumidos/armazenados eram colhidos de forma bem primitiva: a mão! Depois, mais tarde, passaram a ser ceifados por pedras trabalhadas em forma de foice.



Personagens egípcios: a história está recheada de erros, de esquecimentos, de desleixos que deram bons resultados. Veja o exemplo do pão como alimento: "Consta que tudo começou quando alguém no período primitivo esqueceu alguns grãos colhidos na chuva. Eles, umedecidos, incharam. Os homens os mascaram e sentiram que viraram uma pasta. Engoliram e ficaram saciados. Daí, partiram para a exploração dos grãos, como por exemplo, observaram a germinação das sementes na terra e, esperaram até dar o fruto. Então nasceu o seu domicílio. Acervo do Museu do Louvre/Paris

"Existem teorias contraditórias sobre o papel das mulheres nas colheitas, algumas baseadas nas sociedades primitivas ainda existentes, mas é possível que o início das divinizações e o estabelecimento de figuras tutelares das colheitas tenham sido adquiridos a partir do símbolo da fecundidade feminina: estabeleceram comparações entre o seio materno e foi fácil verificar que o ciclo da terra era igual ao da mulher. Se os filhos demoravam nove meses para nascer, também de nove meses era o tempo entre a sementeira, de outono e a colheita de verão!"

Foi através das sementeiras, segundo consta, nas conclusões obtidas que surgiram os povoados. Jericó pode ser um exemplo, como concluem alguns estudiosos, e vai mais além, pode ser o marco do fluir do Paleolítico. Outros lugares no oriente comprovam a existência destes tipos de fixação, é só sabermos das cidades antigas,ainda hoje existentes, em lugares próximos de terras férteis. O mesmo ocorre com cidades que foram irrigadas.

Cereais: definitivamente foi ele o causador das mudanças do destino do homem. Ele influenciou nos aperfeiçoamentos dos utensílios, mudando a metalurgia e as cerâmicas, assim como nas relações de trocas, depois comerciais, dando início ao nascimento de uma civilização, principalmente com o surgimento da farinha, mudando toda a história do homem...
















A farinha como elemento diversificador








 
 Ela, a farinha - derivada dos cereais foi um marco na história da alimentação do homem: foram muitos milênios desde os grãos de cereais até a invenção da farinha, que logo o homem se valeu dela para o fabrico do pão e dos bolos. Consumida de forma cozida em água, tipo papa, só muito tempo depois a farinha foi experimentada cozida nas cinzas ou por cima das brasas - até hoje encontra-se quitandas feitas dessa forma. Em Cocais, costumam fazer bolinhas enroladas na palha de bananeira ou de milho. Lembramos aqui, também, a pamonha na palha.

Presenciei coisas que lembram este cozimento em várias reservas indígenas por onde visitei.

Mais tarde, passaram a utilizar uma pedra aquecida para cozer aquela papa, depois a criatividade se expandiu, usou-se a telha, embrulhavam o conteúdo em folhas e barreavam, levando para assar - enterravam e cobriam de brasas, e muitas outras alternativas que estão até hoje na nossa cultura. Só na Grécia Antiga foram catalogadas mais de 70 maneiras de fazer pão e 50 de diferentes bolos. Foram eles, também, os autores da criação do forno. Os egípcios, a pelo menos 2500 anos a.C já dominavam a confecção de pães e bolos.

Os Assírios faziam pães e bolos misturando a farinha de trigo e de centeio cozidos em recipientes de barro, ou tipo o que descrevemos acima. O ofício de padeiro com o passar dos tempos se tornou de tal importância que Thíanos - um famoso padeiro considerado um artista pela sua arte na criação com as massas, ele acabou sendo citado por grandes pensadores da época, como Platão e Aristóteles.

Na era Péricles os padeiros diversificaram as variedades de pães e bolos para caracterizarem datas e festas de celebridades. A farinha passa, também, a receber novos ingredientes aperfeiçoando, assim, o gosto e textura das massas. Surge aí, o fermento; a farinha peneirada e depois o acréscimo de água. É o verdadeiro nascimento do pão rústico caseiro!

A princípio eram as mulheres responsáveis pelo manuseio com a massa. Mais tarde os homens botando a mão na massa, começaram a incrementá-la. Surgem aí os típicos padeiros. Eles temperavam a massa, dando paladar diferente daquela massa cozida ou assada sem gosto. Empregam o sal, as ervas, as frutas e assim viajavam nas suas criatividades...



 

Para repartir o pão usava-se as mãos; rasgava o pão e o dividia.




 










O pão e seus derivados tornaram-se produtos de primeira necessidade. Contam que 10.000 biscoitos e 1.200 pães asiáticos, entre outras massas, faziam parte da bagagem oficial de um viajante oficial de um faraó da XIX dinastia e seus numerosos seguidores. Os egípcios acreditavam : "um pobre pode transformar-se num inimigo; um homem que vive na necessidade pode transformar-se num rebelde; acalma-se uma multidão revoltada com comida; a multidão em fúria deve ser guiada até o celeiro; os cereais eram os únicos alimentos do povo mais pobre e com ele se pagava, também, o salário: um dia de trabalho valia, na época, 3 pães e dois cântaros de cerveja. Era comum entre os egípcios a distribuição de pães aos soldados como complemento de pagamento. Os povos gregos eram conhecidos como "arthophagoi", o que significava "comedores de pão". Acreditavam os egípcios que os mortos necessitavam de comida; os direitos de um defunto incluiam: papas de cereais, pequenos pães de cevada, queijo, peixe cozido sem cabeça e rins cozidos de carneiro

O pão, segundo alguns pesquisadores, é citado há mais de 6 milênios. Os historiadores mencionam que é provável ele ter surgido de uma massa rudimentar, de nome Gurel, antes mesmo da Idade da pedra. Já na idade da pedra, os grãos triturados, quebrados ou moídos molhados com água ou leite e desta mistura surgia uma massa, que era secada ao ar e depois cozida em pedras quentes, como já foi dito aqui. A princípio a massa era assada em formato de disco e empregavam os grãos da cevada. O pão foi, com certeza, um dos principais alimentos elaborados pelo homem, na transição da Pré-História para a História. Ele, o homem, ao controlar o fogo passou a utilizá-lo: assou carne, cozinhou verduras e raízes, depois empregou no fabrico do pão.

Faz pouco tempo, cerca de 50 anos, que os arqueólogos obtiveram algumas informações sobre os primeiros hominídeos e, mesmo com essas informações não foi possível determinar, com clareza, como e onde se passou o plantio e a coleta dos grãos para a moagem e depois à panificação. Especula-se: o consumo de grãos, no primeiro momento foi feito tipo "papinha", obtidos a partir do cozimento de água, mas não é tido como verdadeiro. Grande parte dos historiadores acredita na origem mesopotâmica, como relatamos aqui, isso vale também para desvendar a origem do cultivo dos cereais e do desenrolar da massa que originou o pão, modernamente dizendo, a "panificação". Devido à importância da manipulação dos grãos na alimentação prática, no período em que se iniciava, chamada neolítico, se espalhou, simultaneamente, por várias culturas. Prova disso, citamos o Brasil, que neste período já dominava o cultivo e a fermentação do milho; os astecas do México, na Idade dos Metais, já transformavam milho em farinha, para o fabrico de seus pães.

De acordo com a história do pão, foi a partir dele que o homem - os egípcios - começaram a fazer três refeições: pequeno almoço, almoço e jantar. Também são eles os defensores da idéia de que a saúde e a longevidade depende dos prazeres da mesa. A escrita hieroglífica compara e dá importância aos atos de "falar" e de "comer".

A farinha tomou impulso depois do interesse da indústria em procurar novos procesos dee moagem, principalmente o de trigo. Ele era triturado em moinhos de pedra manuais, depois movidos pelos animais. Logo vieram os moinhos movidos a água, passando aos moinhos de vento. Em 1784 surgem os moinhos movidos a vapor, em 1881 - surge a invenção dos cilindros - este foi o responsável pelo aprimoramento do pão.

A palavra pão vem do latim - panis. Sua origem é muito diversificada, antes, a farinha fez escola, primeiro foi utilizada no preparo de sopas e mingaus, depois passou a ser misturada no mel, azeite doce, mosto de uva, tâmaras esmagadas, ovos e carnes moídas; dessas misturas surgiram os bolos, que teriam precedido o pão. Esses bolos eram cozidos sobre pedras quentes ou sob cinzas (minha mãe assava o bolo, chamada de cubu, colocando a massa numa panela com brasa por cima, no fogão de lenha, onde por baixo apagava o fogo, deixando só as brasas). Os fornos de barro surgiram em VII milênio a.C., inventados pelos egípcios.

O pão na Grécia

























Sabedoria e reflexão foram as fortes paixões dos gregos da Grécia Antiga, entre outras tantas atividades dedicadas ao pensamento, não poderíamos deixar de ressaltar suas atividades físicas em busca do equilíbrio humano. E a alimentação desempenhava um papel primordial para tal postura. Os gregos viam na alimentação a melhor maneira de combater as doenças. Lembramos aqui o pensador grego Hipócrates, com sua citação: faça do teu alimento o teu remédio e do teu remédio o teu alimento.

Foram os egípcios que ensinaram os gregos a arte de fazer pão, mas foi graças aos gregos que o pão se tornou um elemento importante na história da gastronomia. Os gregos foram considerados os mestres da arte de fazer pão e responsáveis pelo início da história do pão, cuja origem atribuía aos deuses. Sabe-se, também, que foram os gregos que ensinaram os romanos a fazer pão.



A descoberta do fermento



O fermento foi descoberto por acaso. Segundo contam, um pedaço de massa esquecida por alguém por mais tempo do que o necessário para concluir sua confecção, exposto ao calor e a umidade, antes de colocá-la para assar, cozer, foi o bastante. Ela, a farinha umedecida, entrou em processo de fermentação espontânea: ganhou volume, ficou mais macia, mudou seu sabor. Foi assim que se descobriu o princípio básico do pão. Esta lenda, segundo contam, se passou no Egito, precisamente às margens do rio Nilo, por volta de 2600 a. C. Depois, lá pelas voltas de 1750 a. C., os egípcios passaram a empregar nas massas o levedo de cerveja, depois inventaram outros produtos, já químicos, para auxiliar no crescimento das massas. O fermento é o elemento básico no processo de fermentação de massas:é um microorganismo de célula

única, este ser é vivo e tem as mesmas funções de qualquer ser vivo: ele respira, alimenta-se, reproduz e excreta. A reprodução é feita através da ação de microorganismos, que são os fungos. Neste processo se dá a decomposição, que é o promotor da fermentação, são os microorganismos transformando estruturas complexas em estruturas mais simples.



 

Do grão nasceu a farinha


















 



A lenda conta que um certo número de homens, maquinando seus pensamentos em busca de como elaborar um produto mais fino e fácil de trabalhar com os grãos, colocaram algumas espigas de cereal num almofariz de pedra. O resultado foi o debulho das espigas. As mulheres separavam os grãos bons dos ruins. Os ruins davam para os animais, os outros, eram devolvidos aos homens que, por sua vez levavam para a moagem. Os grãos moidos se transformavam em farelo e farinha. Nascia, aí, então, um produto que viria a facilitar a massa daquilo que, posteriormente viria ser batizado de "pão"!

Nessa época já se conhecia a peneira para separar as cascas e outros resíduos para a obtenção de diferentes tipos de farinhas, o forno foi aperfeiçoado e surgiu a idéia de condimentar os pães com ervas aromáticas, frutas e o azeite: Sementes de papoula, erva-doce, alcaparras, alecrim, folha de couve, uva-passa, alho, cebola, anis, cominho.



 

O pão na antiga Roma






Os grego gostaram tanto da arte de fazer pão que andaram por vários lugares ensinando o fabrico desse alimento. O surgimento do pão em Roma também se deu pelas mãos dos gregos. Catalogam, em 100 a. C., 258 padeiros e mais ou menos 200 padarias em Roma. Devido ao sucesso do novo produto, fundaram uma escola, no século I, de onde surgiram novas técnicas de moagem, produzindo uma farinha mais clara. Antes, o pão era escuro, de grãos integrais (semelhante ao pão integral de hoje).

Criou-se a primeira associação oficial de panificadores: seus associados gozavam de um estatuto muito privilegiado, como isenção de impostos, livres de alguns deveres sociais. Foi tão prestigiada a panificação durante o Império Romano, considerando esta que a elevou à comparação de outros segmentos da sociedade, como: as artes, a escultura, arquitetura e literatura. Em Roma, a maioria dos padeiros eram gregos. Nesta época, eles chegaram a inventar 72 variedades de pão. Devido a isto, os romanos os apelidaram de "comedores de cevada" (e a cevada é um dos principais alimentos dos gregos - isto é firmado por Hipócrates).

O pão era tão importante para os gregos que honravam os seus deuses e mortos com flores feitas de massa de pão. Assim como na Grécia, os cozinheiros e padeiros eram homens livres, e muito honrados.

Como o "prato" predileto dos romanos era a guerra, os gregos ganharam espaço na panificação. A partir desse tempo e com as investidas romanas na África, Sicília e Grécia, de onde trouxeram cozinheiros, filósofos, poetas, oradores e, principalmente, padeiros, a cultura romana começou a sofrer alterações. Os romanos aprenderam as técnicas, acrescentaram seus conhecimentos e difundiram por toda a Europa a arte de fazer pão. Dizem que o pão branco é resultado da interferência dos conhecimentos dos romanos.

Durante o Império Romano, a princípio, o pão era feito em casa pelas mulheres. Depois, passou a ser produzido em padarias públicas, de onde surgiram os primeiros padeiros romanos, de acordo com o filósofo romano Plínio, isto aconteceu depois da conquista da Macedônia, em torno de 168 a.C. Depois da queda do Império, as padarias foram públicas foram fechadas. Somente os castelos, conventos e mosteiros podiam ter padarias. Era a volta ao pão caseiro.


 

Pão e circo















 


Já naquela época, Roma sofria dos males que hoje as cidades grandes sofrem: a falta de contato entre as pessoas e outros problemas de sobrevivência, coisas de grandes centros urbanos, de aglomeração de gente. Em busca de tentar sanar estes problemas, recorreram às bebidas e aos espetáculos públicos - era a busca do alívio das tensões. Foi aí que Juvenal - o escritor romano - deu a sua tirada espetacular, ao mencionar que o povo romano, ansiosamente desejava "pão e circo". Foi esta expressão uma maneira que o escritor encontrou para criticar o governo: os pobres e desempregados recebiam pão como esmola do Estado e todos as grandes cidades romanas tinham um anfiteatro, no qual se realizavam "grandes e brutais espetáculos".

A finalidade desses espetáculos era desviar a atenção do povo e evitar o descontentamento, que por ventura resultasse em rebeliões e questionamentos contra o governo. Diferente dos gregos e egípcios, como já falamos acima, mas vale a pena lembrar: os gregos ofereciam pão aos seus deuses mortos; os egípcios completavam o soldo de seus soldados com pães.

Como base na alimentação do povo, o pão se tornou um símbolo de poder em Roma. Media-se o comportamento da população e a popularidade (o IBOPE de hoje) dos imperadores pela distribuição dos pães.






O pão na península Iberica



 
Foram os romanos que levaram a panificação para a Península Ibérica, apesar de lá já encontrarem alguma prática dela. E até de uma fermentação regional (usava-se a espuma da cerveja como meio de fermentação, resultando num pão leve e esponjoso, diferente dos pães romanos - que usavam os restos de massa velha ou vasilha suja de massa para obter a fermentação. Com a queda do Império Romano e da organização por ele imposta ao mundo, as padarias européias desapareceram. Houve, então, a volta da prática antiga - a de fazer o pão em casa.




O pão na Idade Média



 
Em grande parte desse período, o pão deu alguns passos para trás - tornou-se rústico e pobre. Principalmente em algumas regiões da Itália, do Sacro Império Romano Germânico e da Inglaterra, em certas regiões a cultura do pão regrediu tanto a ponto de compará-lo com alguns períodos de muitos e muitos tempos atrás. Esta situação ocorreu devido a complicações conturbadas desses períodos, principalmente devido à influência mística: o povo, influenciado por bruxos, acreditava que a terra era a mãe e a origem de tudo.

Nesse período, a população voltou a fazer os pães domésticos com produtos artesanais: centeios e outras sementes secas. O centeio, desde a criação do pão foi o cereal mais usado. O trigo era designado ao fabrico das massas para os castelos e conventos.

Estes produziam pães com a forma de deuses. Segundo as prescrições dos "médicos antigos" a alimentação dos senhores feudais necessitavam de mais cuidados, tanto nos temperos, na acidez e em outras especiarias, todo esse aparato dependia do gosto e necessidade de cada um: eram os chamados "pistores".

Em determinados locais, principalmente nas zonas portuárias e nas cidades episcopais, o alto clero, os mercadores e os nobres escolhiam os tipos de pães. A escolha desses produtos voltou a se fortalecer, na época dos renascentistas, onde a casa dos burgueses eram um convite ao "cozimento" das massas. O melhor pão de Roma era o siligeneces - feito de farinha fina. Esses eram oferecidos aos patrícios, entre outras pessoas importantes. Aos mais desprovidos, ou melhor, os plebeus, também chamados de sordidis, lhe restavam o pão com a farinha de má qualidade. O pão ostrearius, feito exclusivamente para o acompanhamento de ostras nos banquetes. Outro pão que abastecia a mesa dos "senhorios" era o "picenum", feito com passas-de-uva e cozido em formas de barro - a moda era degustá-los embebidos no leite! O pão de centeio também era servido apenas aos religiosos e aos jurídicos. Foi em Roma que o pão passou a fazer parte do serviço de mesa, pois até o renascimento era usual colocar uma posta generosa entre os pratos dos convidados de uma refeição: onde colocavam fatias de carnes e molhos. O pão, como ganhou status de "alimento principal" nas classes populares, era a base da alimentação diária. Conseqüentemente a farinha tornou-se objeto de disputa, de alegria, de tristeza, de guerra e paz. Ter ou não ter a farinha era uma preocupação dos governantes, por muitos séculos, pois sua falta era prenúncio de mal-estar, de revolta, era a mola mestre das revoluções. A história em muitos séculos foi traçada segundo a determinação da fartura ou da falta de farinha. Reis e senhores "afadigavam" para que não faltasse farinha...

Como era a farinha um produto de valor econômico importante e ao mesmo tempo um objeto místico respeitado, o pão foi colocado sob o controle da primeira pessoa do reino - o próprio rei. Foi assim na França, Espanha e Portugal.















 



A celebre profissão dos padeiros







 
Esta profissão era tão valorizada que chegou a ser comparada com a de artista, arquiteto, intelectual e outras celebridades daquela época. Contam que um célebre padeiro - Vergilius Eurycasés - recebeu o direito, quando morreu, a um monumento funerário de proporções e detalhes imperiais. Entretanto, os filhos desses profissionais não podiam ser sacerdotes, militares ou exercer qualquer função jurídica. O padeiro, para assumir um cargo no Senado romano, era necessário ter praticado um ato de salvação da República ou do Império e, para isso era obrigado a abandonar o Colégio do qual fazia parte - uma verdadeira instituição de elite. Para completar, deveria deixar todos os seus bens.

O Colégio ao qual nos referimos era uma instituição forte; possuía seus próprios rituais, cuja celebração era em honra de seus deuses tutelares, muito embora fosse uma ordem de profissionais. Esses ritos "iniciáticos" eram desenvolvidos de forma a garantir o valor moral e profissional de seus membros. O ritual das assembléias era marcado por gestos, sinais e só os "iniciados" os sabiam. Outros segredos, como as marcas e palavras usadas pelos padeiros associados, guardavam os segredos da profissão. Existia uma grande solidariedade entre os colegiados, isso lhes dava segurança, privilégios, os tornavam importantes, cheios de gozo e honrarias no seu ofício perante as autoridades e a comunidade.

As corporações de padeiros gozavam de muita importância, portanto, a admissão à profissão era difícil, sendo necessário ultrapassar vários estágios para se chegar a mestre-padeiro.

Alguns investigadores desta área, naquele tempo, alegavam ser o bolo um forte concorrente do pão e já encontravam dificuldades de fazer separação de valores entre o padeiro e o pasteleiro - conhecido com o fazedor de bolo, na Itália. Diziam eles: "muitos pães eram mais bolos que pães e muitos bolos eram muito mais pães que bolos!




Alimento sagrado





Dizem que os santos, como gostavam de jejuar (nem todos), viviam de pão de centeio ensopado em água com sal: à pão e água! Coitados!!! Muitos, enfraquecidos, acabavam acometidos por doenças e morriam. Foi desta sugestão que se supõe ter nascido a sopa.

Com os tempos bárbaros, na Gália, Ibéria e em quase todo o império, a recessão forçou a economia a impor novos hábitos alimentares: comer fatias de pão, no fundo de tigelas, nas quais eram colocados caldos de peixe, carne, caça ou vegetais. Esse caldo era uma espécie de água fervente com os aromas citados. Foi com o advento da sopa que os bolos tomaram fama.

No princípio, o pão, logo de sua fermentação química, foi reprovado pelos conservadores religiosos romanos, juntamente com os judeus. Acreditavam eles que o pão fermentado era impuro. Julgavam ser o pão um benefício alimentar, um alimento sagrado, atitude que veio a se confirmar e ser aceito pela comunidade cristã, bem mais tarde, impregnados de rituais sagrados.

Quando a farinha ganhou status de excelência, ou seja, ganhar o pão de todos os dias, suprir as necessidades de sobrevivência diária, o pão passou a ser reconhecido com maior atenção e respeito, revestido de uma "sacralidade"!

"Dai-nos, Senhor, o pão nosso de todos os dias", diz a civilização judaico-cristã.

Feito em casa, o pão recebia uma cruz de massa, acompanhado de reza e um pedido para que ele ficasse bom. Esse ato era também uma forma de agradecer pela graça de terem o que comer: "Deus te acrescente" era comum ouvi-lo. Pergunta-se o escritor Alfredo Saramago: seria a esperança da reedição bíblica da multiplicação dos pães ou a satisfação da resposta ao "ganharás o pão com o suor do teu rosto"?

Nas padarias de antigamente também se fazia tal gesto. Hoje, adverte Saramago, com o advento dos métodos industriais, os padeiros dispensaram a cruz e a reza, "confiando mais na tecnologia do que em deuses misericordiosos.

"A hóstia eucarística, embora pão ázimo, é o pão elevado ao máximo da sua significação simbólica. Ázimo porque deve ser o pão da pureza, o pão da vida, mas neste caso da vida espiritual"Tanto o pão como a farinha eram usados para oferendas e prestações de tributos, na antiguidade, assim como na Idade Média, substituindo muitas vezes o pagamento em dinheiro, principalmente para dádivas a padres e monges, que com eles sobreviviam e davam continuidade ao seu voto de pobreza.

Existiam pães em todas as ocasiões, principalmente em ocasiões litúrgicas, pois foi a igreja a responsável pela sacralização do pão: pão de natal, de carnaval, de páscoa, de colheitas, de vindimas...

Era sempre feito um ritual com a intenção de unir as pessoas numa cerimônia. Em quase toda a Europa Central era usual dar às boas vindas com pão e sal. A repartição do pão nas cerimônias como em outras simples refeições, fortalecia os laços de amizades.





O pão nas religiões







No Cristianismo, ele representa, simbolicamente, o corpo de cristo, no sacramento da comunhão, em forma de hóstia.

Na religião judaica, também é muito significativo. Seus seguidores costumam abençoá-lo antes das refeições.

No Islamismo, mesmo não tendo um ritual, o pão é considerado uma dádiva de Deus.

Nas comunidades, os pães, naquela época, eram utilizados no tratamento de doenças e até mesmo em dietas para emagrecimento. Vale, aqui, lembrar que este pão era bastante fibroso: usava-se ervas, folhas e raízes medicinais.







O dia mundial do pão








Em novembro de 2000, em Nova York, a UIB - International Union of Bakers and Bakers-Confectioners - instituiu, oficialmente, o dia 16 de outubro como o Dia Internacional do Pão. A iniciativa tem como objetivo valorizar o produto mais popular nas mesas de todo o mundo, lembrando de sua importância na composição da alimentação diária.

No dia 8 de julho, comemora-se o dia do padeiro (instituído no II Congresso de Panificação, em 1955), data em que se homenageia, também, Santa Isabel - a Rainha de Portugal. Esta Santa tinha o hábito de distribuir pães aos pobres, atitude que era escondida do rei. Contam que certo dia ela foi flagrada pelos homens do rei quando escondia pães no avental para dar aos pobres. Indagada sobre o que portava no avental ela, assustada, disse: são pétalas de rosas! Ao abrir o avental, só caíram pétalas



 

O pão na França



















Dizem na França: "classifica-se uma boa mesa pela qualidade de seu pão". Esta alegação vem desde o século passado, quando este alimento se converteu em símbolo deste país. Também o pão, tem grande responsabilidade na famosa comida francesa. Chegam a dizer "os pães franceses conferem a reputação de alguns dos melhores restaurantes do mundo. Não se compõe uma mesa sem o "tal bendito", me disse, certa vez, uma confeiteira marroquina, francesa. Eu mesmo já certifiquei disso. Na Pousada, recebemos franceses estudiosos da comparação dos desenhos e pinturas do sítio arqueológico da Pedra Pintada com os do Sítio da França. No começo, fui chamado a atenção por não colocar o pão na mesa. Comiam o pão com doce-sal-molhos, era pão sobre pão.

Com o passar dos tempos, a alimentação, ficou escassa devido a alta do combustível, tornou-se quase impossível de comê-los todos os dias. Não era mais visto na mesa do povo. Passou ele a ser consumido praticamente por elites. Se os operários franceses quisessem continuar os consumindo, deveriam desembolsar em torno de 88% de seus salários, por volta de 1789. Nesta época, ficou célebre a frase da mulher do rei Luís XVI - Maria Amtunieta: "se o povo não pode comer pão, que coma brioches." Começava, aí, um bom motivo para que se fizesse uma revolução. O agravo da situação acabou por ajudar o embrião da que viria ser uma "Revolução Francesa", que teve como lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade. O poder do pão era tão forte nesta época, que influenciou o comando político do país, lembrando a situação temeraria de que os romanos tinham receio do que poderia acontecer. Essa medo dos romanos acabou, quem sabe, por inspirar os franceses.

Em 1793, a corte autoriza a lei de igualdade entre os cidadãos e, um dos mais fortes capítulos foi a venda em seus domínios de apenas um tipo de pão. Muitos não gostaram! Os famosos boulangers - ou padeiros - foram para a rua protestarem. O lema do protesto era defender os direitos do pão, comparavam eles: é o mesmo que enjaular o espírito francês. "No pão expressa-se o objetivo, a fantasia e a liberdade do povo francês." - Palavras dos "papas" - hoje - da panificação na França: Poilâne, Poujaran e Ganachaud. Não era justo, alegavam os padeiros franceses, depois de tantas pesquisas e inventos em busca de pães variados e na área de conservação, se sujeitarem a uma imposição tão podadora da criatividade deles. Antes e durante os protestos academias de pães foram fechadas sob a alegação da igualdade. Era o começo da Revolução em questão!!!

Mas, devido à influência dos padeiros, tal como em Roma, a França se vê obrigada a voltar atrás. E o pão volta a se multiplicar e a se diversificar nos estabelecimentos de venda. Nasceu na França a idéia de tornar o visual das padarias mais agradável. Esta decoração se espalhou pelo mundo, sendo usado: cerâmicas, pinturas, tapeçarias, criando um ambiente mais versátil nos ambientes internos, grandes expositores revestidos de vidros, vitrines exibindo seus produtos de forma decorativa.

Baguete é o legítimo pão francês, mede 80 centímetros de comprimento. Nasceu em 1840, para atender o desejo de um diplomata austríaco que queria comer, na então capital do pão - a França - um pão com o mesmo tipo de fermento usado para fabricar a massa em Viena. A partir daí, o fermento caiu no gosto dos franceses, que passaram a importar da Austrália. Daí nasceu a baguete - que antes recebeu o nome de pão-fantasia. Os franceses, de acordo com pesquisa divulgada, consomem diariamente 160 gramas de pão - é possível que seja o triplo brasileiro, chegando num total de 3,4 milhões de toneladas ao ano.






 

O pão nos Estados Unidos


















 

Cada país tem seu pão, especificamente. Nos Estados Unidos, produzem o conhecido hambúrguer: pão redondo, macio e, quase sempre, acompanhado de um bife de carne moída. A trajetória do pão neste país é contada no livro de maneira breve, apesar do título - A Evolução da Panificação e da Confeitaria Artesanal no Brasil (com o apoio da Gradina) - do autor Luiz Roberto Clauset, que publica o texto:

"Tal como apreciamos, o pão de trigo foi introduzido nos Estados Unidos somente no final do século passado com a chegada principalmente dos imigrantes italianos. Até então usava-se no seu preparo o milho e a batata, plantas originárias da América Tropical e que tinham sido levadas à Europa pelos conquistadores espanhóis.

Mas como o café, que substituiu o chá, o pão de trigo rapidamente passou a fazer parte da cultura norte-americana. A passagem bíblica em que Adão e Eva são expulsos do paraíso - e em que, sobre eles, lança-se o estigma de a partir dali "terem de ganhar o pão com o suor do próprio rosto" - aparece magnificamente retratada em um dos clássicos de Hollywood, o Quo vadis. No não menos clássico Os dez mandamentos, o diretor norte-americano Cecil de Mille também recorre à Bíblia e ao pão para se inspirar. Mas é, sem dúvida, na produção cinematográfica européia que o pão ocupa lugar de grande destaque. À italianíssima Gina Lollobrigida coube estrelar Pão, amor e fantasia e Pão, amor e ciúme, ambos dirigidos por Luigi Comencini, e aos quais se seguiu Pão, amor e..., de Dino Rossi, cujas reticências do título eram uma referência maliciosa a Sofia Loren.

Também o italiano Franco Busati utilizou o pão no título de seu filme Pão e chocolate. Mas, certamente, o mais famoso desses filmes foi o sentimental Marcelino, pão e vinho, de Ladislao Vajda, em que o menino Marcelino prova o vinho acompanhado de pão. Mais recentemente, cinema e gastronomia estiveram reunidos no clássico A festa de Babette, de Gabriel Axel, em que o pão aparece entre os mais sofisticados ingredientes trazidos para um memorável jantar. Portanto, para os que o apreciam na ela do cinema e fora dela, o pão tem muitos significados.

Ainda como fonte inesgotável de inspiração artística, o pão chega até a música popular brasileira, onde, entre outros clássicos, aparece citado nas canções Drão, de Gilberto Gil, e Cio da terra, de Milton Nascimento. Nessa ficaram famosos estes versos: Debulhar o trigo/Recolher cada bago do trigo/E forjar no trigo o milagre do pão/E se fartar de pão!. Geralmente associada à essência da vida, a palavra pão - do latim pane - aparece em expressões comuns da nossa linguagem cotidiana: "O pão nosso de cada dia", "Ganha-pão", "Mesa em que falta pão, todo mundo reclama e ninguém tem razão", "Pão de menina", "Nem só de pão vive o homem", "Ganhar o pão com o suor do próprio rosto", "O pão que o diabo amassou", "A instrução é o pão do espírito", "Passar a pão e água", "Tirar o pão da boca", "Pão, pão; queijo, queijo", "Pão-duro", "Pão e circo", entre outros.





 
O pão no Brasil
















 





Um dos primeiro escultores a se preocupar em documentar a história do pão no Brasil foi o sociólogo e antropólogo Gilberto Freyre - o autor de Casa Grande e Senzala.

De acordo com seus relatos, o Brasil só veio a conhecer o pão no século XIX. Antes, aqui, o alimento com uso da farinha era à base de mandioca e milho. Fazia-se com esta farinha o pirão: de caldo de peixe ou carne; o biju de tapioca, a farofa. O desconhecimento sobre o pão aqui no Brasil era total, segundo alguns relatos de cronistas, daquela época. Veja um desses relatos hilariantes de 1839: um certo matuto, vindo de Aracate para Fortaleza, curioso em conhecer aquele alimento desconhecido, de finíssima iguaria, comprou numa padaria vários pães, os colocou no chapéu, sentou-se debaixo de uma árvore e pôs-se a descascá-los, como se fossem laranjas, comendo-os em seguida. Não gostou do gosto do miolo de pão, jogou-os fora, exclamando decepcionado: "Isto não serve para nada". Enquanto ele recusava o pão, na Paraíba, mais especificamente em Campina Grande, o trigo começa a ser cultivado, já se pensando no futuro do pão no país, que acabara de chegar, segundo o cronista francês Pollenare. Assim como na Europa, aqui o pão também surgiu acompanhado de rituais e cerimônias: usava-se fazer cruzes nas massas, rezar salmos para fazê-los crescer e ficarem macios e bonitos. Os responsáveis pelo desenvolvimento da panificação no Brasil foram os imigrantes, mais notadamente os italianos. O pioneirismo nasceu em Minas Gerais, mas foi em São Paulo que as grandes padarias se proliferaram mais, talvez pelo grande número de italianos e por ser Santos uma das portas de entrada para os imigrantes. O bairro da Bexiga - reduto italiano - é um belo exemplo de onde se pode comer, não só um bom pão, mas também uma gostosa massa...

www.pousadadascores.com.br/culinaria/historia_pao/historia_pao.htm

quarta-feira, 26 de maio de 2010

QUEM SE CANDIDATA A SER VICE DO SERRA...

Pesquisa do tucano





A decisão de Aécio Neves (PSDB-MG) de não ser o vice de José Serra (PSDB-SP) foi tomada "com base em análises, e não como vontade pessoal", diz a colunista Mônica Bergamo que conversou com uma pessoa da mais absoluta confiança do mineiro. Pesquisas do Vox Populi para o grupo do tucano mostram que só 4% dos que hoje votam em outros candidatos poderiam mudar para Serra caso Aécio fosse vice. Ou 0,4% do eleitorado do país.


Fonte: Amigos

segunda-feira, 24 de maio de 2010

SAIBA MAIS SOBRE AS ORIGENS E SIMBOLOS DAS FESTAS JUNINAS.

                                                      




                                         SÍMBOLOS DA FESTA JUNINA


 

"Festa juninas ou santos populares são uma celebração brasileira e portuguesa, de origem européia. Historicamente, está relacionada com a festa pagã do solstício de verão, que era celebrada no dia 24 de junho, segundo o calendário juliano (pré-gregoriano) e cristianizada na Idade Média como "festa de São João".

Ela festeja no Brasil importantes santos católicos:


      Santo Antônio                                                       São João
                              
                                                            
                                                                                                                                  
                                                                                                                                                     

                                                              São Pedro    
Em Portugal, estas festas são conhecidas pelo nome de santos populares e correspondem a diferentes feriados municipais: Santo António, em Lisboa, São Pedro no Seixal, São João, no Porto, em Braga e em Almada.

No Brasil, recebeu o nome de junina (chamada inicialmente de joanina, de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países europeus cristianizados dos quais se oriundam as comunidades de imigrantes, chegados a partir de meados do século XIX. Ainda antes, porém, a festa já tinha sido trazida para o Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações indígenas e afro-brasileiras.

Festas de São João são ainda celebradas em alguns países europeus católicos, protestantes e ortodoxos (França, Portugal, Irlanda, os países nórdicos e do Leste europeu). As fogueiras de São João e a celebração de casamentos reais ou encenados (como o casamento fictício no baile da quadrilha nordestina) são costumes ainda hoje praticados em festas de São João européias.

A festa de São João brasileira é típica da Região Nordeste. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a São João, mas também a São Pedro, pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, as comidas feitas de milho integram a tradição, como a canjica e a pamonha.

O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não e onde barracas são erguidas unicamento para o evento, ou um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de coqueiro. Nos arraiás acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, bingos e os casamentos matutos…

Origem da fogueira

Fogueira de São João em Mäntsälä na Finlândia. Fogueiras de São João são bastantes populares na Finlândia, onde parte da população passa o dia de São João ("Juhannus") no campo ao redor das cidades em festejos (por causa do elevado consumo de bebidas alcoólicas, a porcentagem de acidentes e intervenções policiais no São João finlandês é comparável à do Carnaval brasileiro).

De origem européia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição pagã de celebrar o solstício de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde" em árvore de natal, a fogueira do dia de "Midsummer" (24 de Junho) tornou-se, pouco a pouco na Idade Média, um atributo da festa de São João Batista, o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as festas de São João européias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França). Estas celebrações estão ligadas às fogueiras da Páscoa e às fogueiras de Natal.

Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã estival afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes em um acordo feito pelas primas Maria e Isabel. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

O uso de balões
O uso de balões e fogos de artifício durante São João no Brasil está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Fogos de artifício manuseados por pessoas privadas e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa no Nordeste e em outras partes do Brasil. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista (fogos de artifício podem ser perigosos, por isso tome muito cuidado!!).

Os balões, no entanto, constituem atualmente uma prática proibida por lei devido ao risco de incêndio (não solte balões!!! no Brasil eles são proibidos e podem tirar vidas inocentes!!!). Os balões serviam para avisar que a festa iria começar; eram soltos de cinco a sete balões para se identificar o início da festança.

Durante todo o mês de junho é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas e estalinhos.

O mastro de são João
O mastro de São João, conhecido em Portugal como o mastro dos Santos Populares, é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas em geral três bandeirinhas simbolizando os santos (São João, São Pedro e São Paulo). Tendo hoje em dia uma significação cristã bastante enraizada e sendo, entre os costumes de São João, um dos mais marcadamente católico, o levantamento do mastro tem sua origem, no entanto, no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.

Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal passou a ser erguido em junho e a celebrar as festas desse mês (o mesmo fenômeno também ocorrendo na Suécia, onde o mastro de maio, "majstången", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, "Midsommarafton"). O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e os seus enfeites.

A quadrilha
A quadrilha brasileira tem o seu nome de uma dança de salão francesa para quatro pares, a "quadrille", em voga na França entre o início do século XIX e a Primeira Guerra Mundial. A "quadrille" francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da "contredanse", popular nos meios aristocráticos franceses do século XVIII. A "contredanse" se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina , surgida provavelmente por volta do século XIII, e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.

A "quadrille" veio para o Brasil seguindo o interesse da classe média e das elites portuguesas e brasileiras do século XIX por tudo que fosse a última moda de Paris (dos discursos republicanos de Gambetta e Jules Ferry, passando pelas poesias de Victor Hugo e Théophile Gautier até a criação de uma academia de letras, dos belos cabelos cacheados de Sarah Bernhardt até ao uso do cavanhaque).

Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras pré-existentes e teve subsequentes evoluções (entre elas o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta é uma dança que teve o seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu a influência do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos folclóricos…

O nacionalismo folclórico marcou as ciências sociais no Brasil como na Europa entre os começos do Romantismo e a Segunda Guerra Mundial. A quadrilha, como outras danças brasileiras tais que o pastoril, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura cabocla e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica duma certa maneira o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.

Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente podem acompanhar a quadrilha encontram-se o acordeão (acordeom), pandeiro, zabumba, violão, triângulo e o cavaquinho. Não existe uma música específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de roça, em compasso binário ou de marchinha, que favorece o cadenciamento das marcações.

Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.

Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à caipira, como se diz fora do nordeste (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João européias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial juntamente com a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa."