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sábado, 30 de outubro de 2010

0 de Outubro de 2010 - 12h54
 Dilma em BH Dilma participou de carreata em Belo Horizonte neste sábado, último dia de campanha


Vantagem de Dilma em MG beira 20 pontos e desanima tucanos

Apesar do empenho e otimismo de José Serra (PSDB) na última semana de corrida eleitoral, assessores e aliados sabem que uma vitória sobre Dilma Rousseff (PT) é improvável. Por isso não foi reservado nenhum local de comemoração para este domingo, quando eleitores escolherão o substituto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro turno, havia certeza de que tucano passaria a etapa e, por isso, a campanha alugou um espaço para eventos na capital paulista.

O diagnóstico mais duro de que a vitória é improvável veio de Minas Gerais, onde Serra tinha esperança de que o senador eleito Aécio Neves (PSDB) ajudasse a promover uma virada. Na quinta-feira, ele e o governador reeleito, Antonio Anastasia, fizeram um relato de como estava a situação no Estado: Dilma se mantém forte no Norte e no Triângulo Mineiro, onde nem Anastasia venceu.

19 pontos de vantagem para Dima em MG

Um integrante do PSDB mineiro que mantém diálogo frequente com Serra contou ao iG que a diferença em pontos percentuais entre Dilma Rousseff (PT) e Serra ficará nos números da contagem nacional. De acordo com as últimas pesquisas, a petista está 14 pontos percentuais na frente.

Mas uma pesquisa encomendada pelo jornal O Tempo mostra que a vitória de Dilma em Minas será maior. A pesquisa DataTempo/CP2 realizada em todo o Estado mostra vantagem da candidata do PT de 19 pontos percentuais em relação ao seu adversário tucano. A petista registra 59,50% dos votos válidos (não são considerados os brancos, nulos e os indecisos) contra 40,50% de Serra.

Contabilizando todas as intenções de votos (brancos, nulos, indecisos), Dilma tem 52,53% da preferência do eleitorado contra 35,81% de Serra. Afirmam que não sabem em quem votar ou não respondem 5,40% dos pesquisados. Dizem que vão anular o voto 4,14% e 1,54% pretende votar em branco. Afirma que não quer votar em ninguém 0,58% dos entrevistados.

Na comparação com a pesquisa DataTempo/CP2 divulgada em 20 de outubro, as intenções de voto em Dilma cresceram de 51,22% para 52,53% - variação abaixo da margem de erro, que é de 2,16 pontos percentuais. Já José Serra caiu de 38,37% para 35,81% - um pouco acima da margem de erro.

Na pesquisa espontânea, quando não são apresentados os nomes dos candidatos aos entrevistados, Dilma Rousseff se mantém na liderança. Nessa situação, ela tem 50,80% das intenções de voto contra 34,07% de José Serra. 

Dilma vence também em Belo Horizonte

De acordo com a pesquisa DataTempo/CP2, Dilma registra o seu melhor desempenho nas regiões mais pobres do Estado. Nas regiões Norte e Noroeste de Minas, a petista tem 61,50% das intenções de voto contra 30,80% do candidato do PSDB. Situação parecida ocorre nos vales do Jequitinhonha e Mucuri, onde Dilma Rousseff conta com 60,70% da preferência do eleitorado, e José Serra registra 27% do total.

As regiões Central, Oeste e Sudoeste são as que oferecem melhor desempenho para José Serra em Minas Gerais, segundo a pesquisa DataTempo/CP2.

Na região Central, José Serra vence Dilma Rousseff . Ele tem 51,10% das intenções de voto contra 46,70% da candidata petista. Quadro semelhante ocorre nas regiões Oeste, Sudoeste, onde o tucano também supera a petista. Ele registra 50,70% da preferência do eleitorado contra 39,30% de Dilma Rousseff.

Na região metropolitana de Belo Horizonte, onde os candidatos fazem hoje as últimas atividades de campanha, Dilma Rousseff vence José Serra. A petista contabiliza 54,40% das intenções de voto contra 30,70% do tucano. No Triângulo Mineiro, Dilma também vence Serra com 54,90% contra 35,20%.

O Campo das Vertentes é a região em que a candidata Dilma Rousseff (PT) e o seu rival José Serra (PSDB) mais se aproximam. Nessa área do Estado, a petista tem 44% das intenções de voto contra 40,40% do tucano.

Desanimados, tucanos dizem: "Minas é isso"

“Minas é isso. Um retrato do Brasil mesmo”, disse o interlocutor tucano ainda enquanto Serra discursava para militantes do PSDB em evento político realizado na quinta-feira em Montes Claros, município localizado no semi-árido na região Norte de Minas. Na cidade, Dilma deverá vencer com facilidade. No primeiro turno, o tucano ficou em terceiro lugar.

Ex-governador mineiro e senador eleito pelo PSDB, Aécio Neves também estava no evento. Assim como Serra, Aécio tentou demonstrar otimismo. “Acho que ainda dá. Não podemos nos preocupar com pesquisas. Tem um movimento silencioso em favor de Serra”, disse.

Fazendo uma autocrítica, lideranças tucanas avaliam que esse “movimento silencioso”, como classificou Aécio, talvez seja tão silencioso que desanime eleitores, aliados e, especialmente, doadores. A ida de Serra ao segundo amenizou a dificuldade financeira pela qual a campanha tucana passou na primeira etapa, mas não foi o suficiente para enfrentar a robusta empreitada adversária.

Desanimados, auxiliares de Serra tentam se espelhar no “chefe” e manter o vigor no fim da disputa. Na última semana de campanha, o tucano chegou a viajar para quatro Estados no mesmo dia. Ele, sim, não perde o ânimo, apesar dos avisos de auxiliares de que poderá perder a eleição também em Minas.

As pesquisas de intenção de voto também contribuíram para o clima. Até mesmo o levantamento encomendado pelo próprio PSDB ao instituto carioca GPP, ligado ao ex-prefeito do Rio Cesar Maia, apontava vitória de Dilma a poucos dias da eleição. Daí a campanha de difamação da reputação dos principais institutos de pesquisa liderada pelo coordenador da campanha de Serra, o senador Sérgio Guerra.

Como resume uma liderança tucana, a vitória de Serra é mais um desejo do que uma possibilidade real. No Nordeste, o candidato derrotado ao governo de Pernambuco pela aliança tucana, Jarbas Vasconcelos (PMDB), reconhece que o objetivo na região é “diminuir o tamanho da derrota”. Para isso, apostam na abstenção. No primeiro turno, os eleitores contaram com o transporte providenciado por candidatos a deputado para chegarem até as urnas. Sem essa ajuda, agora, a diferença entre Dilma e Serra pode cair, espera o deputado Raul Jungmann (PPS).

A esperança é que Serra consiga tirar a desvantagem em São Paulo e nos Estados do Sul. Em São Paulo, o presidenciável conta com o governador eleito pelo PSDB, Geraldo Alckmin, para garantir uma vitória confortável. A conta é de 5 milhões de votos de vantagem sobre Dilma.

Fonte: iG

Frei Betto defende Dilma: pauta religiosa não importa à campanha

Depois de se manifestar discretamente no primeiro turno das eleições presidenciais, o escritor e frade dominicano Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, se tornou um dos protagonistas na fase final da disputa. Em meio às absurdas polêmicas religiosas impostas pela campanha do tucano José Serra – com a adesão até do papa Bento XVI –, Frei Betto emergiu como um dos apoiadores mais valorizados de Dilma Rousseff, candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando.

Por André Cintra
No artigo “Dilma e a fé cristã”, publicado na Folha de S.Paulo em 10 de outubro, o líder religioso defendeu que “não passa de campanha difamatória – diria, terrorista – acusar Dilma Rousseff de ‘abortista’ ou contrária aos princípios evangélicos. Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade”.

Nove dias depois, num ato em apoio a Dilma com mais de 2 mil pessoas no Tuca (Teatro da Universidade Católica), na PUC-SP, Frei Betto voltou a defender a candidata contra o “oportunismo” de certos segmentos religiosos. “Lamento que bispos panfletários estejam dizendo por aí tantas mentiras sobre a companheira Dilma”, discursou ele, que também espinafrou a campanha Serra. “O que esse pessoal precisa entender é que a lei do aborto não impede o aborto. O que impede o aborto é a política social, é o salário, é o Bolsa Família, é a distribuição de renda.”

Nesta entrevista ao Vermelho, Frei Betto volta a defender que, numa disputa presidencial, o mais importante é “discutir o projeto Brasil e as reformas estruturais de que o país tanto necessita”. Ele critica a pauta “artificial” do debate e também a neutralidade de Marina Silva (PV) no segundo turno. Confira abaixo.

Vermelho: O que mais diferenciou esta disputa eleitoral das anteriores?
Frei Betto: Creio que foram dois fatores. Primeiro, a entrada da Marina Silva — e a avaliação equivocada de que ela não teria expressão. A questão da preservação ambiental é uma pauta importante, e o eleitor manifestou isso. Eu só lamento que ela tenha ficado em cima do muro. Pela coerência e pela história dela, pela militância, pelos anos como ministra do governo Lula, a Marina deveria ter manifestado apoio à Dilma.

A outra grande diferença foi a predominância do aborto e da religião na pauta. São temas importantes, mas secundários numa campanha presidencial. O que importa é discutir o “projeto Brasil” e as reformas estruturais de que o país tanto necessita.

Vermelho: E, nesse sentido, o que diferencia a Dilma do Serra?
Frei Betto: A grande diferença é que a Dilma é um projeto de futuro, um projeto de continuidade a tudo aquilo que o governo Lula, o melhor da nossa história republicana, realizou. Já o projeto do Serra é a volta daquilo que nós conhecemos no governo Fernando Henrique – que é a criminalização dos movimentos sociais, a subserviência à Casa Branca, a privatização do patrimônio público e o total desinteresse e descaso com a situação dos mais pobres.

Vermelho: Num artigo recente para a Folha de S.Paulo, você defendeu que a Dilma era um exemplo de cristã...
Frei Betto: Na verdade, a Dilma não é símbolo de igreja, nem nada. Ela é uma cristã, e foi isso o que eu quis dizer, sabe? Diante das acusações infundadas de que a Dilma teria uma indiferença religiosa ou seria ateia, eu saí em defesa dela, porque a conheço desde a infância.

Vermelho: Muitas lideranças religiosas iniciaram uma espécie de cruzada eleitoral, chegando a participar até da propaganda na TV. Estamos às portas de uma guerra santa?
Frei Betto: Não, não. Eu acho que, terminada a eleição, isso desaparece. O Brasil não tem caldo de cultura para fundamentalismo religioso. Isso tudo foi artificial, incrementado por uma parcela da grande mídia que se interessou e se ancorou nesse tipo de pauta para desviar a discussão mais importante, que é sobre as reformas do Brasil.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Carta aberta de Carlos Moura para Ricardo Noblat

CARLOS MOURA - Aposentado, fotógrafo, redator de jornal de interior, sócio de uma pequena editora de livros clássicos e coordenador da Ação da Cidadania em Além Paraíba (MG)
RICARDO NOBLAT - Jornalista e operário de "O Globo"

Noblat:
Quem é você para decidir pelo Brasil (e pela História) quem é grande ou quem deixa de ser? Quem lhe deu a procuração? O Globo? A Veja? O Estadão? A Folha?
Apresento-me: sou um brasileiro. Não sou do PT, nunca fui. Isso ajuda, porque do contrário você me desclassificaria, jogando-me na lata de lixo como uma bolinha de papel. Sou de sua geração. Nossa diferença é que minha educação formal foi pífia, a sua acadêmica.
Não pude sequer estudar num dos melhores colégios secundários que o Brasil tinha na época (o Colégio de Cataguases, MG, onde eu morava) porque era só para ricos.
Nas cidades pequenas, no início dos sessenta, sequer existiam colégios públicos.
Frequentar uma universidade, como a Católica de Pernambuco em que você se formou, nem utopia era, era um delírio.
Informo só para deixar claro que entre nós existe uma pedra no meio do caminho. Minha origem é tipicamente "brasileira", da gente cabralina que nasceu falando empedrado. A sua não. Isto não nos torna piores ou melhores do que ninguém, só nos faz diferentes.
A mesma diferença que tem Luis Inácio em relação ao patriciado de anel, abotoadura & mestrado. Patronato que tomou conta da loja desde a época imperial.
O que você e uma vasta geração de serviçais jornalísticos passaram oito anos sem sequer tentar entender é que Lula não pertence à ortodoxia política. Foi o mesmo erro que a esquerda cometeu quando ele apareceu como líder sindical.
Vamos dizer que esta equipe furiosa, sustentada por quatro famílias que formam o oligopólio da informação no eixo Rio-S.Paulo – uma delas, a do Globo, controlando também a maior rede de TV do país – não esteja movida pelo rancor.
Coisa natural quando um feudo começa a dividir com o resto da nação as malas repletas de cédulas alopradas que a União lhe entrega em forma de publicidade. Daí a ira natural, pois aqui em Minas se diz que homem só briga por duas coisas: barra de saia ou barra de ouro.
O que me espanta é que, movidos pela repulsa, tenham deixado de perceber que o brasileiro não é dançarino de valsa, é passista de samba. O patuá que vocês querem enfiar em Lula é o do negrinho do pastoreio, obrigado a abaixar a cabeça quando ameaçado pelo relho.
O sotaque que vocês gostam é o nhém-nhém-nhém grã-fino de FHC, o da simulação, da dissimulação, da bata paramentada por láureas universitárias. Não importa se o conteúdo é grosseiro, inoportuno ou hipócrita ("esqueçam o que eu escrevi", " tenho um pé na senzala" "o resultado foi um trabalho de Deus"). O que vale é a forma, o estilo envernizado.
As pessoas com quem converso não falam assim – falam como Lula. Elas também xingam quando são injustiçadas. Elas gritam quando não são ouvidas, esperneiam quando querem lhe tapar a boca.
A uma imprensa desacostumada ao direito de resposta e viciada em montar manchetes falsas e armações ilimitadas (seu jornal chegou ao ponto de, há poucos dias, "manchetar" a "queda" de Dilma nas pesquisas, quando ela saiu do primeiro turno com 47% e já entrou no segundo com 53%, ficou impossível falar com candura.
Ao operário no poder vocês exigem a "liturgia" do cargo. Ao togado basta o cinismo.
Se houve erro nas falas de Lula isto não o faz menor, como você disse, imitando o Aécio.
Gritos apaixonados durante uma disputa sórdida não diminuem a importância histórica de um governo que fez a maior revolução social de nossa História. E ainda querem que, no final de mandato, o presidente aguente calado a campanha eleitoral mais baixa, desqualificada e mesquinha desde que Collor levou a ex-mulher de Lula à TV.
Sordidez que foi iniciada por um vendaval apócrifo de ultrajes contra Dilma na internet, seguida das subterrâneas ações de Índio da Costa junto a igrejas e da covarde declaração de Monica Serra sobre a "matança de criancinhas", enfiando o manto de Herodes em Dilma.
Esse cambapé de uma candidata a primeira dama – que teve o desplante de viajar ao seu país paramentada de beata de procissão, carregando uma réplica da padroeira só para explorar o drama dos mineiros chilenos no horário eleitoral – passou em branco nos editoriais. Ela é "acadêmica".
A esta senhora e ao seu marido você deveria também exigir "caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade".
Você não vai "decidir" que Lula ficou menor, não.
A História não está sendo mais escrita só por essa súcia de jornais e televisões à qual você pertence.
Há centenas de pessoas que, de graça, sem soldos de marinhos, mesquitas, frias ou civitas, estão mostrando ao país o outro lado, a face oculta da lua.
Se não houvesse a democracia da internet vocês continuariam ladrando sozinhos nas terras brasileiras, segurando nas rédeas o medo e o silêncio dos carneiros.
Carlos Torres Moura
Além Paraíba-MG
Fonte: Gilberto de Azevedo / Grupo Cidadania Brasil

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

E AGORA MARINA?

Falsidade ideológica da campanha tucana é desmascarada por Marina

Golpes baixos, mentiras e obscurantismo são as marcas da campanha do candidato demo-tucano José Serra, que acabou transformando o processo eleitoral deste ano num festival de baixarias. Infelizmente, tudo isto fortalece o senso comum de que a política é uma atividade suja na qual as pessoas de boa índole não devem se intrometer, o que é falso e deixa maior campo para oportunistas e reacionários.

Na reta final do segundo turno, o desespero bateu no comando da campanha tucana, que não vacilou em recorrer ao expediente da falsificação ideológica para ludibriar o eleitorado e reverter a tendência do pleito desenhada nas pesquisas de opinião. A vítima, desta vez, foi Marina Silva, a candidata do PV que obteve quase 20 milhões de votos, terminou o primeiro turno na terceira posição e anunciou sua neutralidade no confronto final entre Dilma e Serra.

Baixaria

Setores do PSDB armaram uma falsa declaração de voto da ex-ministra do Meio Ambiente, a favor do candidato tucano, e levaram ao ar, na internet, através do blog “Eu Vou de Serra 45”, com a intenção de ludibriar o eleitorado e forçar um posicionamento de Marina em prol de José Serra. Mas também desta vez o tiro saiu pela culatra.

Foi a própria Marina quem denunciou a farsa. "Infelizmente, muitos não aprenderam nada com os resultados das urnas e continuam a promover a política de mais baixo nível ao usar estratagemas banais para buscar votos", disse a senadora. "Não usem meu nome para o vale-tudo eleitoral", alertou.

Desprezo pelo povo

O episódio revela o desprezo que a direita brasileira, hoje capitaneada pelo PSDB e o DEM, nutre pelo povo brasileiro, que considera uma massa de manobra destituída de inteligência e capacidade de discernimento. Daí o recurso inescrupuloso aos preconceitos, como no caso do aborto e do casamento entre homossexuais, e à mentira. Tudo isto com o respaldo sensacionalista da mídia golpista, em que se destaca a revista Veja.


Marina mostrou que não comunga com tais métodos, condenando-os de forma contundente. "Os quase 20 milhões de brasileiros que endossaram meu projeto e o de Guilherme Leal no primeiro turno sabem que o respeito ao eleitor é um princípio inquestionável na nossa prática política, o que nos diferencia daqueles que querem o poder pelo poder", afirmou.


O e-mail falso seria direcionado aos eleitores de Marina contendo um "pedido" da senadora verde para que haja união em torno da candidatura tucana. Aliados de Dilma Rousseff já alertaram para a campanha tucana pautada nos boatos, mentiras e distorções.

Segundo várias denúncias, além de espalhar mentiras sobre a candidatura da adversária Dilma Rousseff, o PSDB de José Serra tem ainda tentado confundir o eleitor. Um exemplo é a notícia, difundida na internet, inclusive com foto, de que estariam sendo distribuídos adesivos da petista, com o número errado, do PSDB.

Da redação, com agências

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A trajetória de Michel Temer


Em 1985, o então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Michel Temer, recebeu uma comissão que denunciava o espancamento de mulheres e o descaso de autoridades diante destes crimes. Para coibir esse tipo de violência, ele tomou a decisão inovadora: criou a primeira Delegacia da Mulher no Brasil.


Ainda na secretaria, Temer adotou ideias modernas, posteriormente reconhecidas e tidas como modelo em todo o país. Instituiu a Delegacia de Proteção aos Direitos Autorais, importante instrumento de combate à pirataria de produtos. A passagem bem sucedida pela secretaria projetou esse descendente de libaneses para a carreira política que avançou mais e mais nos anos seguintes.


Michel Miguel Elias Temer Lulia nasceu em Tietê (SP), no dia 23 de setembro de 1940. Sua família, católica, saiu de Betabura, na região de El Koura, Norte do Líbano, e veio para o Brasil em 1925. O pai, Miguel Temer, comprou uma chácara no interior paulista e instalou uma máquina de beneficiamento de arroz e café em sua região.
 

Enquanto o irmão mais velho, Tamer, ajudava o pai nos negócios, Michel e os outros seis irmãos menores foram estudar na capital paulista. Aos 16 anos, iniciou o clássico (atual ensino médio) e, anos depois, entrou na tradicional Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP).


Começava, então, uma bem sucedida carreira acadêmica. Temer tornou-se doutor pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo e, na Faculdade de Direito da mesma instituição, dirigiu o curso de pós-graduação. Lecionou na Faculdade de Direito de Itu e é considerado hoje um dos maiores constitucionalistas do País.


É autor dos livros Constituição e Política, Territórios Federais nas Constituições Brasileiras, Seus Direitos na Constituinte e Elementos do Direito Constitucional, este último na 20ª edição, com 200 mil exemplares vendidos.


Leia mais

Miguel Nicolelis: Uma coisa estranha aconteceu em Natal


O texto acima é anexo de um e-mail com informações falsas dizendo que Dilma Rousseff, se eleita, não poderá assumir por não ser brasileira (ela nasceu em Minas Gerais). Segue na linha do movimento da extrema-direita dos Estados Unidos, chamado “birther”, que alega que Barack Obama não nasceu nos Estados Unidos e, portanto, não poderia ser presidente. Nos Estados Unidos, onde racismo explícito é inaceitável, foi a forma que a extrema-direita encontrou de carimbar Obama como “alienígina”, um negro que não sabe seu lugar, que não pode representar um país “de cristãos protestantes e brancos”. O ataque a Obama veio acompanhado da tentativa de classificá-lo como “muçulmano”. Ou seja, foi não apenas uma tentativa dos republicanos de ganhar a eleição, mas de “deslegitimar” o eleito ao classificá-lo como alguém que não pertence à Nação.
*****
Uma coisa estranha aconteceu na noite passada em Natal
por Miguel Nicolelis*, especial para o Viomundo
Desde que cheguei ao Brasil, há duas semanas, eu vinha sentindo uma sensação muito estranha. Como se fora acometido por um ataque contínuo da famosa ilusão, conhecida popularmente como déjà vu, eu passei esses últimos 15 dias tendo a impressão de nunca ter saído de casa, lá na pacata Chapel Hill, Carolina do Norte, Estados Unidos.
Mas como isso poderia ser verdade? Durante esse tempo todo eu claramente estava ou São Paulo ou em Natal. Todo mundo ao meu redor falava português, não inglês. Todo mundo era gentil. A comida tinha gosto, as pessoas sorriam na rua. No aeroporto, por exemplo, não precisava abrir a mala de mão, tirar computador, tirar sapato, tirar o cinto, ou entrar no scan de corpo todo para provar que eu não era um terrorista.  Ainda assim, com todas essas provas evidentes de que eu estava no Brasil e não nos EUA, até no jogo do Palmeiras, no meio da imortal “porcada”, a sensação era a mesma: eu não saí da América do Norte! Mesmo quando faltou luz na Arena de Barueri durante o jogo, porque nem a 25 km da capital paulista a Eletropaulo consegue garantir o suprimento de energia elétrica para um prélio vital do time do coração do ex-governador do estado (aparentemente ninguém vai muito com a cara dele na Eletropaulo. Nada a ver com o Palmeiras), eu consegui me sentir à vontade.
Custou-me muito a descobrir o que se sucedia.
Porém, ontem à noite, durante o debate dos candidatos a Presidência da República na Rede Record, uma verdadeira revelação me veio à mente. De repente, numa epifania, como poucas que tive na vida, tudo ficou muito claro. Tudo evidente. Não havia nada de errado com meus sentidos, nem com a minha mente. Havia, sim, todo um contexto que fez com que o meu cérebro de meia idade revivesse anos de experiências traumatizantes na América do Norte.
Pois ali na minha frente, na TV, não estava o candidato José Serra, do PSDB, o “partido do salário mais defasado do Brasil”, como gostam de frisar os sofridos professores da rede pública de ensino paulistana, mas sim uma encarnação perfeita, mesmo que caricata, de um verdadeiro George Bush tropical. Para os que estão confusos, eu me explico de imediato. Orientado por um marqueteiro que, se não é americano nato, provavelmente fez um bom estágio na “máquina de moer carne de candidatos” em que se transformou a indústria de marketing político americano, o candidato Serra tem utilizado todos os truques da bíblia Republicana. Como estudante aplicado que ainda não se graduou (fato corriqueiro na sua biografia), ele está pronto para realizar uns “exames difíceis” e ser aceito para uma pós-graduação em aniquilação de caracteres em alguma universidade de Nova Iorque.
Ao ouvir e ver o candidato, ao longo dessas duas semanas e no debate de ontem à noite, eu pude identificar facilmente todos os truques e estratégias patenteados pelo partido Republicano Americano. Pasmem vocês, nos últimos anos, essa mensagem rasa de ódio, preconceito, racismo, coberta por camadas recentes de fé e devoção cristã, tem sido prontamente empacotada e distribuída para o consumo do pobre povo daquela nação, pela mídia oficial que gravita ao seu redor.
Para quem, como eu, vive há  22 anos nos EUA, não resta mais nenhuma dúvida. Quem quer que tenha definido a estratégia da campanha do candidato Serra decidiu importar para a disputa presidencial brasileira tanto a estratégia vergonhosa e peçonhenta da “vitória a qualquer custo”, como toda a truculência e assalto à verdade que têm caracterizado as últimas eleições nos Estados Unidos.  Apelando invariavelmente para o que há de mais sórdido na natureza humana, nessa abordagem de marketing político nem os fatos, nem os dados ou as estatísticas, muito menos a verdade ou a realidade importam. O objetivo é simplesmente paralisar o candidato adversário e causar consternação geral no eleitorado, através de um bombardeio incessante de denúncias (verdadeiras ou não, não faz diferença), meias calúnias, ou difamações, mesmo que elas sejam as mais absurdas possíveis.
Assim, de repente, Obama não era mais americano, mas um agente queniano obcecado em transformar a nação americana numa república islâmica. Como lá, aqui Dilma Rousseff agora é chamada de búlgara, em correntes de emails clandestinos. Como os EUA de Bill Clinton, apesar de o país ter experimentado o maior boom econômico em recente memória, foi vendido ao povo americano como estando em petição de miséria pelo então candidato de primeira viagem George Bush.
Aqui, o Brasil de Lula, que desfruta do melhor momento de toda a sua história, provavelmente desde o período em que os últimos dinossauros deixaram suas pegadas no que é hoje o município de Sousa, na Paraíba, passa a ser vendido como um país em estado de caos perpétuo, algo alarmante mesmo. Ao distorcer a verdade, os fatos, os números e, num último capítulo de manipulação extremada, a própria percepção da realidade, através do pronto e voluntário reforço  do bombardeio midiático, que simplesmente repete o trololó do candidato (para usar o seu vernáculo favorito), sem crítica, sem análise, sem um pingo de honestidade jornalística, busca-se, como nos EUA de George Bush e do partido Republicano, vender o branco como preto, a comédia como farsa.
Não interessa que 26 milhões de brasileiros tenham saído da miséria. Nem que pela primeira vez na nossa história tenhamos a chance de remover o substantivo masculino “pobre” dos dicionários da língua portuguesa. Não faz a menor diferença que 15 milhões de novos empregos tenham sido criados nos últimos anos. Ou que, pela primeira vez desde que se tem notícia, o Brasil seja respeitado por toda a comunidade internacional. Para o candidato da oposição esse número insignificante de empregos é, na sua realidade marciana, fruto apenas de uma maior fiscalização que empurrou com a barriga do livro de multas 10 milhões de pessoas para o emprego formal desde o governo do imperador FHC.
Nada, nem a realidade, é  capaz de impressionar os fariseus e arautos que estão sempre prontos a denegrir o sucesso desse país de mulatos, imigrantes e gente que trabalha e batalha incansavelmente para sobreviver ao preconceito, ao racismo, à indiferença e à arrogância daqueles que foram rejeitados pelas urnas e vencidos por um mero torneiro mecânico que virou pop star da política internacional. Nada vai conseguir remover o gosto amargo desse agora já fato histórico,  que atormenta, como a dor de um membro fantasma, o ego daqueles que nunca acreditaram ser o povo brasileiro capaz de construir uma nação digna, justa e democrática com o seu próprio esforço. Como George Bush ao Norte, o seu clone do hemisfério sul não governa para o povo, nem dele busca a sua inspiração. A sua busca pelo poder serve a outros interesses; o maior deles, justiça seja feita, não é escuso, somente irrelevante, visto tratar-se apenas do arquivo morto da sua vaidade, o maior dos defeitos humanos, já dizia dona Lygia, minha santa avó anarquista. Para esse candidato, basta-lhe poder adicionar no currículo uma linha que dirá: Presidente do Brasil (de tanto a tanto). Vaidade é assim, contenta-se com pouco, desde que esse pouco venha embalado num gigantesco espelho.
Voltando à estratégia americana de ganhar eleições, numa segunda fase, caso o oponente sobreviva ao primeiro assalto, apela-se para outra arma infalível: a evidente falta de valores cristãos do oponente, manifestada pela sua explícita aquiescência para com o aborto; sua libertinagem sexual e falta de valores morais, invariavelmente associada à defesa do fantasma que assombra a tradição, família e propriedade da direita histérica, representado pela tão difamada quanto legítima aprovação da união civil de casais homossexuais. Nesse rolo compressor implacável, pois o que vale é a vitória, custe o que custar, pouco importa ao George Bush tupiniquim que milhares de mulheres humildes e abandonadas morram todos os anos, pelos hospitais e prontos-socorros desse Brasil afora, vítimas de infecções horrendas, causadas por abortos clandestinos.
George Bush, tanto o original quanto o genérico dos trópicos, provavelmente conhece muitas mulheres do seu meio que, por contingências e vicissitudes da vida, foram forçadas a abortos em clínicas bem equipadas, conduzidas por profissionais altamente especializados, regiamente pagos para tal prática. Nenhum dos dois George Bushes, porém, jamais deu um plantão no pronto-socorro do Hospital das Clínicas de São Paulo e testemunhou, com os próprios olhos e lágrimas, a morte de uma adolescente, vítima de septicemia generalizada, causada por um aborto ilegal, cometido por algum carniceiro que se passou por médico e salvador.
Alguns amigos de longa data, que também vivem no exterior, andam espantados com o grau de violência, mentiras e fraudes morais dessa campanha eleitoral brasileira. Alguns usam termos como crime lesa pátria para descrever as ações do candidato do Brasil que não deu certo, seus aliados e a grande mídia.
Poucos se surpreenderam, porém, com o fato de que até o atentado da bolinha de papel foi transformado em evento digno de investigação no maior telejornal do hemisfério sul (ou seria da zona sul do Rio de Janeiro? Não sei bem). No caso em questão, como nos EUA, a dita grande imprensa que circunda a candidatura do George Bush tupiniquim acusa o Presidente da República de não se comportar com apropriado decoro presidencial, ao tirar um bom sarro e trazer à tona, com bom humor, a melhor metáfora futebolística que poderia descrever a farsa. Sejamos honestos, a completa fabricação, desmascarada em verso, prosa e análise de vídeo, quadro a quadro, por um brilhante professor de jornalismo digital gaúcho.
Curiosamente, a mesma imprensa e seus arautos colunistas não tecem um único comentário sobre a gravidade do fato de ter um pretendente ao cargo máximo da República ter aceitado participar de uma clara e explicita fabricação. Ou será que esse detalhe não merece algumas mal traçadas linhas da imprensa? Caso ainda estivéssemos no meio de uma campanha tipicamente brasileira, o já internacionalmente famoso “atentado da bolinha de papel” seria motivo das mais variadas chacotas e piadas de botequim. Mas como estamos vivendo dentro de um verdadeiro clone das campanhas americanas, querem criminalizar até a bolinha de papel. Se a moda pega, só eu conheço pelo menos uns dez médicos brasileiros, extremamente famosos, antigos colegas de Colégio Bandeirantes e da Faculdade de Medicina da USP, que logo poderiam estar respondendo a processos por crimes hediondos, haja vista terem sido eles famosos terroristas do passado, que se valiam, não de uma, mas de uma verdadeira enxurrada, dessas armas de destruição em massa (de pulgas) para atingir professores menos avisados, que ousavam dar de costas para tais criminosos sem alma .
Valha-me Nossa Senhora da Aparecida — certamente o nosso George Bush tupiniquim aprovaria esse meu apelo aos céus –, nós, brasileiros, não merecemos ser a próxima vítima do entulho ético do marketing eleitoral americano. Nós merecemos algo muito melhor.  Pode parecer paranoia de neurocientista exilado, mas nos EUA eu testemunhei como os arautos dessa forma de fazer política, representado pelo George Bush original e seus asseclas,  conseguiram vender, com grande sucesso e fanfarra, uma guerra injustificável, que causou a morte de mais de 50 mil americanos e centenas de milhares de civis iraquianos inocentes.
Tudo começou com uma eleição roubada, decidida pela Corte Suprema. Tudo começou com uma campanha eleitoral baseada em falsas premissas e mentiras deslavadas. A seguir, o açodamento vergonhoso do medo paranóico, instilado numa população em choque, com a devida colaboração de uma mídia condescendente e vendida, foi suficiente para levar a maior potência do mundo a duas guerras imorais que culminaram, ironicamente, no maior terremoto econômico desde a quebra da bolsa de 1929.
Hoje os mesmos Republicanos que levaram o país a essas guerras irracionais e ao fundo do poço financeiro acusam o Presidente Obama de ser o responsável direto de todos os flagelos que assolam a sociedade americana, como o desemprego maciço, a perda das pensões e aposentadorias, a queda vertiginosa do valor dos imóveis e a completa insegurança sobre o que o futuro pode trazer, que surgiram como conseqüência imediata das duas catastróficas gestões de George Bush filho.
Enquanto no Brasil criam-se 200 mil empregos pro mês, nos EUA perdem-se 200 mil empregos a cada 30 dias. Confrontado com números como esses, muitos dos meus vizinhos em Chapel Hill adorariam receber um passaporte brasileiro ou mesmo um visto de trabalho temporário e mudar-se para esse nosso paraíso tropical. Eles sabem pelo menos isto: o mundo está mudando rapidamente e, logo, logo, no andar dessa carruagem, o verdadeiro primeiro mundo vai estar aqui, sob a luz do Cruzeiro do Sul!
Fica, pois, aqui o alerta de um brasileiro que testemunhou os eventos da recente história política americana em loco. Hoje é a farsa do atentado da bolinha de papel. Parece inofensivo. Motivo de pilhéria. Eu, como gato escaldado, que já viu esse filme repulsivo mais de uma vez, não ficaria tão tranqüilo, nem baixaria a guarda. Quem fabrica um atentado, quem se apega ou apela para questões de foro íntimo, como a crença religiosa (ou sua inexistência), como plataforma de campanha hoje, é o mesmo que, se eleito, se sentirá livre para pregar peças maiores, omitir fatos de maior relevância e governar sem a preocupação de dar satisfações aqueles que, iludidos, cometeram o deslize histórico de cair no mais terrível de todos os contos do vigário, aquele que nega a própria realidade que nos cerca.
Aliás, ocorre-me um último pensamento. A única forma do ex-presidente (Imperador?) Fernando Henrique Cardoso demonstrar que o seu governo não foi o maior desastre político-econômico, testemunhado por todo o continente americano, seria compará-lo, taco a taco, à catastrófica gestão de George Bush filho. Sendo assim, talvez o candidato Serra tenha raciocinado que, como a sua probabilidade de vitória era realmente baixa,  em último caso, ele poderia demonstrar a todo o Brasil quão melhor o governo FHC teria sido do que uma eventual presidência do George Bush genérico do hemisfério sul. Vão-se os anéis, sobram os dedos. Perdido por perdido, vamos salvar pelo menos um amigo. Se tal ato de solidariedade foi tramado dentro dos circuitos neurais do cérebro do candidato da oposição (truco!), só me restaria elogiá-lo por este repente de humildade e espírito cristão.
Ciente, num raro momento de contrição, de que algumas das minhas teorias possam ter causado um leve incômodo, ou mesmo, talvez, um passageiro mal-estar ao candidato, eu ousaria esticar um pouco do meu crédito junto a esse grande novo porta-voz do cristianismo e fazer um pequeno pedido, de cunho pessoal, formulado por um torcedor palmeirense anônimo, ao candidato da oposição. O pedido, mais do que singelo, seria o seguinte:
Candidato, será  que dá pro senhor pedir pro governador Goldman ou pro futuro governador Dr. Alckmin para eles não desligarem a luz da Arena Barueri na semana que vem? Como o senhor sabe, o nosso Verdão disputa uma vaguinha na semifinal da Copa Sulamericana e, aqui entre nós, não fica bem outro apagão ser mostrado para todo esse Brazilzão, iluminado pelo Luz para Todos, do Lula. Afinal de contas, se ocorrer outro vexame como esse, o povão vai começar a falar que se o senhor não consegue nem garantir a luz do estádio pro seu time do coração jogar, como é que pode ter a pretensão de prometer que vai ter luz para todo o resto desse país enorme? Depois, o senhor vem aqui e pergunta por que eu vou votar na Dilma? Parece abestalhado, sô!
* Miguel Nicolelis é um  dos mais importantes neurocientistas do mundo. É professor da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, e criador do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, (RN). Em 2008, foi indicado ao Prêmio Nobel de Medicina.

Vídeo: Dilma massacra sobre o pré-sal e pendura Lucas no pescoço de Serra



O Conversa Afiada reproduz post do blog Amigos do Presidente Lula – aquele que a Dra Cureau tentou calar:

Debate: Dilma ganhou e Serra perdeu até para ele mesmo

Trechos onde Dilma massacra Serra sobre o pré-sal


Dilma foi bem neste debate e venceu sem muito esforço.


Ela não estava cansada como no último debate, seguiu a estratégia de falar com o telespectador, recusou provocações, foi firme e propositiva, foi convincente no que disse, deu nó em Serra em vários momentos, denunciando quando estava enrolando e mentindo. E evitou as picuinhas, se fixando no PAC, pré-sal e empregos, principalmente.


Serra perdeu até para ele mesmo. Exagerou na agressividade, foi uma pessoa extremamente desagradável para o telespectador, parecendo aquela visita mal educada em sua casa, que numa conversa onde há controvérsia, em vez de argumentar, quer vencer no grito, e com ofensas à outros visitantes.


O telespectador viu em Serra uma pessoa desequilibrada, parecendo estar com os nervos abalados, à beira do descontrole.


Dilma foi nota 10 no quesito emprego. E Serra caiu na armadilha de não responder mais uma vez, mesmo Dilma incluindo na pergunta, a observação que ele não respondia esta pergunta nos outros debates. O telespectador percebeu que ele novamente fugir da pergunta. Só respondeu quando Dilma voltou a perguntar pela segunda vez neste mesmo debate.


Dilma foi ótima no pré-sal. Serra foi tão patético em acusar Dilma de privatista quanto Alckmin em 2006 quando acusou Lula de privatizar a Amazônia. Dilma foi muito bem na defesa do PAC.


E Serra cometeu alguns erros fatais em debates: mentiu sobre fatos e números. Tivéssemos uma imprensa imparcial, e ele teria se tornado carta fora do baralho amanhã, só com o noticiário, análises e desmentidos do que ele disse. Como a imprensa é serrista, as mentiras serão relevadas à segundo plano.


Serra capotou feio ao dizer que o pré-sal (onde há certeza de ter petróleo) e áreas de risco (onde não há certeza, pode perfurar e não encontrar) são a mesma coisa. Também mostrou desconhecimento ao não distinguir petróleo pesado, do petróleo leve do pré-sal (mais caro).


Ele despertou desconfiança no telespectador, pareceu querendo enganar o eleitor, por estar de rabo-preso com os interesses estrangeiros. Ele pareceu defender os interesses estrangeiros, usando o argumento patético de que Dilma e Lula teriam feito a mesma coisa.


O telespectador o enxergou como um político safado tentando enganá-lo ou alguém muito mal informado (e para um assunto dessa importância do pré-sal é imperdoável para um candidato à presidente ser mal informado).


As mentiras gravíssimas de Serra, foram:

- não distinguir as diferenças em leilões de blocos de risco, do pré-sal onde quase não há risco;

- Negar que o governo FHC cogitou mudar o nome de Petrobras para PetrobraX;

- Negar que o DEMos entrou com ação no STF contra o PROUNI;

- Desqualificar obras do PAC, como a refinaria Abreu e Lima;

- querer crédito pela integração da Bacia do São Francisco, quando o governo FHC enrolou para levar adiante, devido a contrariedade de Paulo Souto, então governador da Bahia;

- inventar que gerou 1 milhão de empregos com Ministro da Saúde. Ele demitiu gente em massa, como os mata-mosquitos, congelou concursos e carreira profissional no serviço público, sucateou a rede pública.

- Se contradisse, ao dizer que vai vigiar fronteiras e debochou de soluções técnicas da própria Polícia Federal, como os aviões não tripulados. Serra foi infeliz em chamar pejorativamente de discos voadores.

- Foi muito mal quando disse que os 15 milhões de empregos gerados eram só regularização com carteira assinada. Todo mundo sabe que empregos estão mais fáceis no governo Lula. E pegou mal ao admitir que no governo de FHC e Serra, a fiscalização do trabalho era frouxa;

- Mentiu na reforma agrária, dizendo que fez mais do que no governo Lula;

- foi patético ao querer acusar Dilma, principal ministra do governo Lula, de não dar atenção ao Nordeste; é o tipo de argumento que em vez de agradar, faz perder votos, de tão sem-noção.


Nas acusações de escândalos, Dilma deu respostas para o telespectador, enfrentou o problema de frente. Serra deixou sem resposta, se limitando a atacar os outros. Perdeu votos, não foi convincente, reforçou a idéia de que tem rabo preso com Paulo Preto.


Dilma só perdeu algumas oportunidades de detonar Serra em alguns temas, como banda larga, porque a privataria que ele deixou foi um modelo de banda larga cara e elitista, que a recriação da Telebras está tendo que consertar. E também que foi o governo FHC que criou a confusão com a Eletronet ao privatizá-la mal e porcamente.


Outro momento que poderia ter detonado foi na segurança pública, podendo lembrar da corrupção do DENARC e do secretário-adjunto de Segurança Pública, e da guerra de policiais que Serra promoveu.


Quando Serra falou que criou 1 milhão de empregos no Ministério da Saúde (êta mentira mal contada), bastaria lembrar da demissão dos mata-mosquitos, se bem que nesta hora ela não tinha direito à réplica.


Quando Serra esbraveja ser honesto e acusava Dilma, ela poderia ter falado sobre a folha corrida de 17 processos que ele próprio declarou ao TSE, e que ela tem ZERO. Talvez tenha guardado essa resposta para o debate da Globo.


Mas debates com regras rígidas, sempre acontece isso. Não dá tempo para dizer tudo o queria, e acaba tendo que escolher o que responder.


Clique aqui para ler “Serra quer privatizar o pré-sal. Aliado dele jura !”.

Vídeo: Em Fortaleza,
Ciro comanda o “Serra não, mamãe”



    Ciro apoia o #serranaomamae (foto do Viomundo)


    Saiu no blog Os Amigos da Presidente Dilma:

    Ciro canta ‘Serra não, mamãe’ em carreta com Dilma em Fortaleza

    A candidata à Presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, realizou na tarde desta terça-feira carreata pela cidade de Fortaleza, no Ceará. O deputado Ciro Gomes (PSB), que acompanhou a presidenciável no trajeto, cantou o refrão entoado pelos militantes: “Serra não, mamãe”. O irmão de Ciro e governador do Estado reeleito pelo PSB, Cid Gomes, afirmou que Dilma não cantou a música e apenas “deu risada”.

    Dilma  tentou caminhar por Fortaleza, mas foi impossível percorrer as ruas a pé por causa da multidão que tentava ver a candidata. Assim, a postulante recorreu ao jipe para fazer carreata pela capital cearense. Além de Cid e Ciro Gomes, a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), acompanhou Dilma na carreata.

    A postulante não concedeu entrevistas em Fortaleza e foi direto ao aeroporto. Ela ainda faz campanha em mais dois Estados nordestinos nesta terça-feira: Pernambuco e Bahia.



    “Serra fugiu, não cumpriu mandato nem de Presidente da UNE”

     

    Escândalo: licitação do metrô de Serra era de carta marcada

      O Serra se enterrou no metrô

      E o Serra ainda insiste com a Erenice.

      Saiu na Folha:

      Resultado de licitação do metrô de São Paulo já era conhecido seis meses antes


      RICARDO FELTRIN

      DE SÃO PAULO

      A Folha soube seis meses antes da divulgação do resultado quem seriam os vencedores da licitação para concorrência dos lotes de 3 a 8 da linha 5 (Lilás) do metrô.

      O resultado só foi divulgado na última quinta-feira, mas o jornal já havia registrado o nome dos ganhadores em vídeo e em cartório nos dias 20 e 23 de abril deste ano, respectivamente.

      A licitação foi aberta em outubro de 2008, quando o governador de São Paulo era José Serra (PSDB) –ele deixou o cargo no início de abril deste ano para disputar a Presidência da República. Em seu lugar ficou seu vice, o tucano Alberto Goldman.

      O resultado da licitação foi conhecido previamente pela Folha apesar de o Metrô ter suspendido o processo em abril e mandado todas as empresas refazerem suas propostas. A suspensão do processo licitatório ocorreu três dias depois do registro dos vencedores em cartório.

      O Metrô, estatal do governo paulista, afirma que vai investigar o caso. Os consórcios também negam irregularidades ou “acertos”.

      O valor dos lotes de 2 a 8 passa de R$ 4 bilhões. A linha 5 do metrô irá do Largo 13 à Chácara Klabin, num total de 20 km de trilhos, e será conectada com as linhas 1 (Azul) e 2 (Verde), além do corredor São Paulo-Diadema da EMTU.

      VÍDEO E CARTÓRIO

      A Folha obteve os resultados da licitação no dia 20 de abril, quando gravou um vídeo anunciando o nome dos vencedores.

      Três dias depois, em 23 de abril, a reportagem também registrou no 2º Cartório de Notas, em SP, o nome dos consórcios que venceriam o restante da licitação e com qual lote cada um ficaria.

      O documento em cartório informa o nome das vencedoras dos lotes 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Também acabou por acertar o nome do vencedor do lote 2, o consórcio Galvão/ Serveng, cuja proposta acabaria sendo rejeitada em 26 abril. A seguir, o Metrô decidiu que não só a Galvão/Serveng, mas todas as empresas (17 consórcios) que estavam na concorrência deveriam refazer suas propostas.

      A justificativa do Metrô para a medida, publicada em seu site oficial, informava que a rejeição se devia à necessidade de “reformulação dos preços dentro das condições originais de licitação”.

      Em maio e junho as empreiteiras prepararam novas propostas para a licitação. Elas foram novamente entregues em julho.

      No dia 24 de agosto, a direção do Metrô publicou no “Diário Oficial” um novo edital anunciando o nome das empreiteiras qualificadas a concorrer às obras, tendo discriminado quais poderiam concorrer a quais lotes.

      Na quarta-feira passada, dia 20, Goldman assinou, em cerimônia oficial, a continuidade das obras da linha 5. O nome das vencedoras foi divulgado pelo Metrô na última quinta-feira. Eram exatamente os mesmos antecipados pela reportagem.

      OBRA DE R$ 4 BI

      Os sete lotes da linha 5-Lilás custarão ao Estado, no total, R$ 4,04 bilhões. As linhas 3 e 7 consumirão a maior parte desse valor.

      Pelo edital, apenas as chamadas “quatro grandes” Camargo Corrêa/Andrade Gutierrez e Metropolitano (Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão) estavam habilitadas a concorrer a esses dois lotes, porque somente elas possuem um equipamento específico e necessário (shield). Esses dois lotes somados consumirão um total de R$ 2,28 bilhões.

      OUTRO LADO

      Em nota, o Metrô de São Paulo informou que vai investigar as informações publicadas hoje na Folha.

      A companhia disse ainda que vai investigar todo o processo de licitação.

      “É reconhecida a postura idônea que o Metrô adota em processos licitatórios, além da grande expertise na elaboração e condução desses tipos de processo. A responsabilidade do Metrô, enquanto empresa pública, é garantir o menor preço e a qualidade técnica exigida pela complexidade da obra.”

      Ainda de acordo com a estatal, para participação de suas licitações, as empresas precisam “atender aos rígidos requisitos técnicos e de qualidade” impostos por ela.

      No caso da classificação das empresas nos lotes 3 e 7, era necessário o uso “Shield, recurso e qualificação que poucas empresas no país têm”. “Os vencedores dos lotes foram conhecidos somente quando as propostas foram abertas em sessão pública. Licitações desse porte tradicionalmente acirram a competitividade entre as empresas”, diz trecho da nota.

      O Metrô afirmou ainda que, “coerente com sua postura transparente e com a segurança de ter conduzido um processo licitatório de maneira correta, informou todos os vencedores dos lotes e os respectivos valores”.

      Disse seguir “fielmente a lei 8.666″ e que “os vencedores dos lotes foram anunciados na sessão pública de abertura de propostas”. “Esse procedimento dispensa, conforme consta da lei, a publicação no ‘Diário Oficial’”.

      Todos os consórcios foram procurados, mas só dois deles responderam ao jornal.

      O Consórcio Andrade Gutierrez/Camargo Corrêa, vencedor da disputa para construção do lote 3, diz que “tomou conhecimento do resultado da licitação em 24 de setembro de 2010, quando os ganhadores foram divulgados em sessão pública”.

      O consórcio Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão, vencedor do lote 7, disse que, dessa licitação, “só dois trechos poderiam ser executados com a máquina conhecida como ‘tatu’ e apenas dois consórcios estavam qualificados para usar o equipamento”.

      “Uma vez que nenhum consórcio poderia conquistar mais que um lote, a probabilidade de cada consórcio ficar responsável por um dos lotes era grande”, diz.

      O consórcio Odebrecht/ OAS/Queiroz Galvão diz ter concentrado seu foco no lote 7 para aproveitar “o equipamento da Linha 4, reduzindo o investimento inicial”.

      Campanha apresenta 13 compromissos para governar o país com soberania e democracia

      A candidata à presidência pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, se reuniu hoje (25) com representantes dos 11 partidos que compõem coalizão e apresentou seus 13 principais compromissos para governar o país.
      “Essas 13 compromissos são a construção da nossa governabilidade. Eles refletem uma força política desses 11 partidos que se expressa em mais de 50 senadores e mais de 350 deputados. Eles é que fundam e sustentam a nossa governabilidade e, obviamente, eles são gerais e não são metas [detalhadas]. Eles têm o sentido de diretriz”, explicou Dilma.
      O presidente do PT, José Eduardo Dutra, também enfatizou que os compromissos apresentados hoje não têm por objetivo detalhar as propostas da candidata, mas sim mostrar o que guiará essa coalizão de partidos durante o governo Dilma. “São compromissos gerais que apontam a linha que vai nortear o governo”, comentou.
      Entre os principais pontos, estão a construção de um país soberano, de economia forte, com setores econômicos impulsionados pelos bancos públicos. Segurança, educação e saúde e erradicação da pobreza são foco principal também dos compromissos de Dilma com o Brasil.

      Sustentabilidade

      O meio ambiente também é um dos 13 compromissos de Dilma com o país. O desenvolvimento sustentável e a manutenção do Brasil na liderança desse tema serão prioridades. Essa política está associada ao interesse estratégico de Dilma em tornar o país numa potência mundial na área de ciência e tecnologia.
      A candidata lembrou que, ao longo da campanha eleitoral e dos programas de televisão e rádio, foram detalhados os programas setoriais para a juventude, a educação, o meio ambiente, a ciência e tecnologia, a saúde e as políticas para as pessoas portadoras de necessidades especiais.
      Leia e baixe aqui a íntegra dos compromissos em pdf.

      Veja abaixo os 13 compromissos sintetizados:

      1 - Expandir e fortalecer a democracia política, econômica e socialmente

      2 - Crescer mais, com expansão do emprego e da renda, equilíbrio macroeconômico, sem vulnerabilidade externa e desigualdades regionais

      3 - Dar seguimento a um projeto nacional de desenvolvimento que assegure grande e sustentável transformação produtiva do Brasil

      4 - Defender o meio ambiente e garantir um desenvolvimento sustentável

      5 - Erradicar a pobreza absoluta e prosseguir reduzindo as desigualdades. Promover a igualdade, com garantia de futuro para os setores discriminados na sociedade

      6 - O governo Dilma será de todos os brasileiros e brasileiras e dará atenção especial aos trabalhadores

      7 - Garantir educação para a igualdade social, cidadania e o desenvolvimento

      8 - Transformar o Brasil em potência científica e tecnológica

      9 -  Universalizar a saúde e garantir a qualidade do atendimento do SUS 

      10 - Prover as cidades de habitação, saneamento, transporte e vida digna e segura para os brasileiros

      11 - Valorizar a cultura nacional, dialogar com outras culturas, democratizar os bens culturais

      12 - Garantir a segurança dos cidadãos e combater o crime

      13 - Defender a soberania nacional. Por uma presença ativa e altiva do Brasil no mundo 


      terça-feira, 26 de outubro de 2010

      VAMOS DIVULGAR AO MÁXIMO, E ASSIM COMO A BOLINHA DE PAPEL DENUNCIAREMOS MAIS ESTA FARSA DEMOTUCANA!

      José Serra está preparando golpe para tentar vencer a eleição. Cuidado!

      A filósofa Marilena Chaui denunciou nesta segunda-feira (25) uma articulação para tentar relacionar o PT e a candidatura de Dilma Rousseff à violência. De acordo com ela, alguns partidários discutiram no final de semana uma tática para usar a força durante o comício que o candidato José Serra (PSDB) fará no dia 29.

      Segundo Chaui, pessoas com camisetas do PT entrariam no comício e começariam uma confusão. As cenas seriam usadas na TV e no programa de José Serra sem que a campanha petista pudesse responder a tempo hábil.

      'Dia 29, nós vamos acertar tudo, está tudo programado', disse a filósofa sobre a conversa. Para exemplificar o caso, ela disse que se trata de um novo caso Abílio Diniz. Em 1989, o sequestro do empresário foi usado para culpar o PT e o desmentido só ocorreu após a eleição de Fernando Collor de Melo.

      A denúncia foi feita durante encontro de intelectuais e pessoas ligadas à Cultura, estudantes e professores universitários e políticos, na USP, em São Paulo. 'Não vai dar tempo de explicar que não fomos nós. Por isso, espalhem.'

      DILMA 13 na truculência serrista
      Dilma lá!




      Vamos descontrair a tarde?. Vamos cantar!

      Veja a música gravada pelos artistas no encontro com Dilma no Rio, na semana passada
      Em discurso, Lula lembra a bolinha de papel










      O Presidente Lula fez piada nesta terça-feira com a armação que o candidato tucano José Serra fez ao ser atingido em campanha por uma bolinha de papel e, depois, por a Folha dos tucanos e a Globo falar que foi também uma bobina de fita adesiva.

      Ao discursar em cerimônia do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, no Palácio do Planalto, Lula relacionou o episódio à atuação da polícia de choque contendo militantes.

      "Nós vencemos uma etapa importante de discussão sobre a questão do clima. Aos poucos, vamos compreendendo que ninguém é melhor do que ninguém, que o governo não se tranca numa redoma de vidro e acha que quem não concorda com o governo é contra o governo", disse e, em seguida, complementou, fazendo a plateia rir: "O governo ia para reuniões como se fosse de forma preventiva com aquele negócio que a polícia de choque usa para não tomar bordoada, ou seja, para que não caísse um papelete na cabeça".

      Lula chamou de "farsa" e "mentira descarada" a armação de Serra e afirmou que o tucano deve pedir desculpas ao povo se tiver "um minuto de bom senso".
      O depoimento da bolinha de papel na PF




      O blog do Décio Sá produziu uma dessas pérolas que, no bom humor, revelam o quanto certas histórias são ridículas.

      Mais um furo do blog. A bolinha de papel que atingiu a careca do candidato José Serra (PSDB) prestou depoimento sigiloso ontem na Polícia Federal. Ela negou conhecer a fita crepe, que os serristas e o “Jornal Nacional” afirmam ter sido a verdadeira agressora do tucano.

      “Estive na manifestação o tempo todo, passei pelas mãos de vários militantes do PT e PSDB e, em nenhum momento, avistei essa tal fita crepe. Isso não existe. É pura invenção”, disse a bolinha.

      Ela classificou a matéria do “Jornal Nacional” tentando desqualificá-la de “mentirosa”. “Tão dizendo por aí que não fui eu quem atingiu a careca de Serra. Fui eu sim. Essa matéria do ‘Jornal Nacional’ é mentirosa. Esse perito Ricardo Molina foi comprado”, garantiu.

      A bolinha afirmou ter informações de dentro da Rede Globo dando conta que a reportagem foi “orquestra” para prejudicá-la e favorecer a fita crepe. “Eu tenho um primo, o papel A-4, que trabalha na impressora do William Bonner. Ele ouviu quando o pessoal do Serra ligou para o apresentador armando aquele circo”, garante.

      A bolinha de papel disse ainda que por trás de toda essa armação está o deputado e delegado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ). Ele e Serra são acusados da montagem de dossiês desde o caso Lunus, em 2002. Como se sabe, o papel é o ponto inicial da montagem de qualquer dossiê.

      A agressora de Serra garante que no primeiro turno votou no candidato José Maria Eymael (PSC) e votará nulo no próximo dia 31.

      A bolinha disse aceitar uma acareação com a suposta fita crepe ou mesmo com Serra, para acabar de vez com qualquer dúvida sobre o caso.

      segunda-feira, 25 de outubro de 2010

      Uma eleição movida a pesquisas

      Qualquer que seja o resultado que apresentem, acho que, após as eleições, o pensamento democrático deste país terá de refletir seriamente sobre o que está acontecendo com as pesquisas eleitorais.
      Chegamos ao paradoxo de termos, praticamente, uma pesquisa diária.
      Amanhã deve sair a pesquisa Vox Populi/IG, encerrada hoje (protocolo 37059/2010 no TSE); terça-feira, o Datafolha/Folha/Globo (37404/2010); quarta, a CNT/Sensus (37609/2010) ; quinta, o Ibope/Globo/Estadão(37517/2010 e e daí para sexta, de novo, o Datafolha (37721/2010 ) e o Ibope, na sexta (37596/2010). Isso sem contar a GPP/Indio, a que me referi anteriormente.
      Cada pesquisa destas custa em torno de R$ 200 mil, exceto a Sensus, que sai por R$ 100 mil. Por aí você vê o volume de recursos que se movimenta nestes levantamentos de opinião. É jogo pesado, totalmente nas mãos da grande imprensa.
      Não se trata de proibir ou censurar pesquisas, mas é estranho que, ao menos do que eu acompanho de noticiário, não me lembro de ver tantas pesquisas, com tanta frequência, em qualquer país democrático, nem mesmo os Estados Unidos.
      A democracia brasilieira terá de encontrar meios de disciplinar e tornar mais transparentes as pesquisas eleitorais, sob pena de além de fazer com que o debate eleitoral se empobreça ao “subiu um, desceu dois pontos” das pesquisas de opinião.
      Controladas, é claro, por um pequeno número de empresas e um número menor ainda de veículos de comunicação.

      O vento girou a turbina e só a Marina não viu?

      Imperdível a reportagem de Naiana Oscar e Renée Pereira no Estadão de hoje. Ela conta um pouco da revolução silenciosa que está acontecendo na geração eólica de energia no Brasil.
      A cena nos programas eleitorais não é marketing, é política de Governo
      “Quando comecei a oferecer nossos projetos para governos e concessionárias, parecia que eu estava recitando poesia, era coisa de desocupado”, conta na matéria o engenheiro Pedro Vial, um dos pioneiros do setor, sobre o que ocorria uma década atrás.
      Hoje, relata a matéria, multinacionais de todas as partes do mundo disputam um mercado que vai gerar, dentro de três anos, metade da energia de Itaipu. Do lado brasileiro, só a Petrobras. Embora não seja tão estratégico quanto as usinas hidroelétricas, porque a produção se dá em pequenas unidades e não em megainstalações, a nossa empresa de energia tem de avançar mais no setor, até porque é lucrativo.
      A matéria relata ainda a saga dos produtores de tecnologia para o setor no Brasil. A Tecsis, segunda maior fabricante de pás para geradores eólicos  do mundo foi fundada por engenheiros do Centro de Tecnologia Aeroespacial de São José dos Campos produziu,  ao longo de  15 anos de existência, 30 mil pás produzidas. Todas foram exportadas. Não havia nenhuma pá da Tecsis girando em usinas brasileiras até o início deste mês, quando os equipamentos foram inaugurados num parque eólico da Impsa, uma empresa espanhola que explora esta energia no Ceará.
      Quando Dilma aparece, na propaganda eleitoral, tendo um parque de geradores eólicos ao fundo não é uma “jogada de marketing”. É o símbolo de uma visão de governo que aposta na energia limpa sem apelar para a demagogia  de dizer que vai deixar lá no fundo o petróleo do pré-sal porque petróleo é energia suja. Não dizem, é claro, que ficar lá é permanecer como reserva para as multinacionais do petróleo.
      É uma visão capaz de levar a geração eólica a chegar acima de 15% de toda a geração elétrica no Brasil, sem a necessidade de usar usinas a óleo (muito poluentes) ou a gás (menos, mas também poluentes) e, sobretudo, sem a necessidade de alagar mais áreas do território, com as consequências ambientais e humjanas que isso traz. Ao lado da biomassa, é uma das mais promissoras rotas de mudança da matriz energética. E uma sinalização de que não haverá, com o pré-sal, um rebaixamento perdulário do preço dos derivados do petróleo, que não levou a desenvolvimento algum nos países produtores.
      É uma visão que não faz a demagogia de apntar um “desmatamento zero” que todo mundo quer, é claro, mas que não vai ser alcançado de uma só vez, por uma canetada.
      A senadora Marina Silva deveria refletir sobre isso, antes de se omitir neste segundo turno.  Quando a gente tem um sonho de futuro, precisa defendê-lo no presente.

      Lula: espalhe a boa notícia, #dia31vote13

       

       

      Posto aí em cima o alerta de Lula sobre as baixarias na rede e seu pedido a todos nós por um esforço ainda maior nesta reta final. Sabemos que Dilma está crescendo e Serra caindo, mas os adversários não possui escrúpulos e têm a mídia a seu lado. O apelo de Lula é claro, vamos falar a verdade, mas vamos falar, todo o tempo e com todos aqueles que pudermos. E está funcionando: no Twitter, o #dia31vote13 está bombando e é um dos “trend topics” do Brasil. Se você usa o twitter, use a marca da campanha. Vamos mostrar que a internet não pode ser o esgoto das baixarias que eles querem torná-la. Vamos mostrar que informação e mobilização vence qualquer armação.

      ONDE ESTA A IMPRENSA PREOCUPADA COM O POVO, COM O BRASIL!

      Não tem um repórter na mídia para apurar?

      O blog “Amigos do Presidente Lula“, aquele que a Dra. Sandra Cureau tentou calar, fez hoje uma denúncia gravíssima, que deveria estar sendo apurada por todos os jornais. É a senhor a Maria Orminda Vieira de Souza, uma senhora de 85 anos, possivelmente a  mãe de Paulo Vieira de Souza, e o genro do ex-diretor da Dersa, Fernando Cremonini – marido da filha de Paulo Preto contratada por Serra no primeiro mês de seu governo – são donos de uma empresa de guindastes que prestaria serviços às empreiteiras que fizeram o Rodoanel. Não sei se prestaram ou não os serviços.
      Dá para saber quanto esta empresa exigiu de investimento, pelo preço dos veículos que possui. Um deles, o mais novo, um megaguindaste com 44 metros de lança, modelo Tadano GT-900, com capacidade de elevar pesos de 90 toneladas, custa, usado, mais de meio milhão de dólares.
      Será que teremos algum repórter dos grandes jornais para apurar esta história?

      Relações explosivas do homem-bomba de José Serra

      O homem-bomba de José Serra, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, era o diretor do DERSA, no governo Serra.
      Ele é pai de Tatiana Arana Souza Cremonini, funcionária do Palácio dos Bandeirantes, contratada no governo Serra.
      Ela é casada com Fernando Cremonini…
      … Que é dono da empresa Peso Positivo Transportes Comércio e Locações Ltda.
      Consulta na Jucesp – Junta Comercial do Estado de São Paulo
      http://www.jucesp.fazenda.sp.gov.br/
      Tem como sócia Maria Orminda Vieira de Souza (reparem no sobrenome). Uma senhora de 85 anos, com raízes em Taubaté, as mesmas de Paulo Vieira de Souza, e que tornou-se empresária de construção pesada aos 78 anos (em 2003).
      A empresa Peso Positivo aluga guindastes para empreiteiras que constroem o Rodoanel, e outras obras da DERSA, onde Paulo Preto era diretor.
      A empresa Peso Positivo tem como sede um endereço (Rua Abaúna, 187 – São Paulo) onde aparenta haver um galpão sem atividade, e de tamanho pequeno para o tipo de equipamento que aluga.
      Simplesmente ser parente e ser empresário não é crime, mas tem uma combinação explosiva aí de genro, com uma suposta parente de 85 anos, com fornecedora de empreiteiras que atendem o DERSA, onde Paulo Preto era diretor.
      Por que a Folha, Globo, Estadão e Veja não tem o mesmo interesse que tiveram com os parentes de Erenice?
      PS. A senhora Maria Orminda Vieira de Souza, salvo a possibilidade de ser uma homônima, é uma professora primária aposentada do Estado de São Paulo, que inclusive ganhou na Justiça o direito de receber uma gratificação que o governo não  pagava aos aposentados.
      A informação está nas páginas do Diário Oficial, edição de 10/6/2005, que reproduzo aí ao lado, omitindo o número do RG para evitar exposição de dados pessoais, embora eles estejam publicados por um órgão oficial.

      domingo, 24 de outubro de 2010

      Os santinhos de uma guerra suja - Parte 2

      A poucos dias da eleição, a campanha de José Serra se aproxima de grupos ultraconservadores e reforça a tática do ódio religioso. O oportunismo político divide a Igreja e vira caso de polícia

      Alan Rodrigues e Bruna Cavalcanti
       A ordem para encomendar o material à gráfica ligada aos tucanos partiu de dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo da Diocese de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele é antigo conhecido do PSDB, amigo declarado de seu conterrâneo Sidney Beraldo, deputado estadual pelo partido e um dos coordenadores da campanha de Serra em São Paulo. Nas conversas de sacristia, dom Luiz tem fama de ser um homem ?maquiavélico? e ?implacável?. Padres o descreveram à ISTOÉ como alguém que não aceita opiniões divergentes e já criou situações embaraçosas para constranger e afastar subordinados que questionam seu radicalismo. Para fazer os contatos com a gráfica dos Kobayashi, dom Luiz contou com a ajuda do ex-seminarista Kelmon Luís da Silva Souza. Frequentador da Catedral Metropolitana Ortodoxa, na zona sul de São Paulo, Souza também é presidente da Associação Theotokos, um grupo católico ultratradicionalista, e membro do autodenominado Partido Monarquista Brasileiro. Em 2006, um dos parceiros do ex-seminarista que atua numa organização integralista (leia quadro abaixo) doou R$ 3,5 mil para a campanha do deputado federal Índio da Costa, candidato a vice-presidente na chapa de Serra. Quando a atuação de Souza e dom Luiz tornou-se pública, os dois se enclausuraram. Nos próximos dias, no entanto, terão de prestar depoimento à Polícia Federal, investigados por crime eleitoral, calúnia e difamação.

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      A distribuição de panfletos caluniosos em paróquias que estão sob a jurisdição de outros bispos provocou um racha na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. ?O embate ideológico que existiu nos primeiros anos da CNBB, mas estava ausente nas últimas décadas, ameaça voltar após as eleições?, avalia dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Franca. Fiéis não param de telefonar e mandar e-mails para a Cúria Diocesana de Guarulhos condenando o comportamento de dom Luiz. Eles questionam: se os cofres da igreja estão quase vazios, com que dinheiro o bispo vai pagar a encomenda dos panfletos que beneficiam Serra? ?Na segunda-feira, recebi uma ligação de dom Luiz pedindo desculpas pelos transtornos?, contou à ISTOÉ Paulo Ogawa, administrador da gráfica que trabalha para o PSDB. ?O Kelmon também telefonou?, disse ele. ?Garantiu que eu não ficaria no prejuízo e que a fatura do material apreendido pela PF, no valor de R$ 30 mil, poderia ser enviada porque a igreja iria pagar.?

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      POLÍCIA

      Cardozo (PT) pede que a ligação dos tucanos com a gráfica seja apurada

      As acusações contra Dilma que aparecem nestes panfletos são idênticas às divulgadas pela central de boatos dos tucanos na internet. No bureau de difamação instalado no QG tucano trabalham 30 ?troleiros?, como são chamados os militantes que rastreiam e espalham pelas redes de computadores propagandas negativas e calúnias sobre a candidata do PT. O comitê da campanha de Serra ocupa quatro andares do antigo Edifício Joelma, no centro de São Paulo. No térreo fica o chamado baixo clero, que recebe informações de militantes que estão nas ruas e busca cooptar lideranças de diversos segmentos, como o dos religiosos. É ali que trabalham operadores como o pastor Alcides Cantóia Jr. Ele coordena com afinco o grupo dos evangélicos que, entre seus trunfos, se orgulha de ter conseguido a adesão do pastor Silas Malafaia, do Rio de Janeiro, estrela de um dos vídeos mais ferinos contra Dilma. Na última semana, o grupo foi encarregado de oferecer benefícios financeiros às igrejas e seus projetos sociais, uma forma de compra de votos que deverá ser investigada pelo Ministério Público Eleitoral. O cérebro do bureau fica no 20º andar do Joelma, ninho dos tucanos mais poderosos. A avalanche de baixarias que eles produzem é tão intensa que o PT já recebeu mais de cinco mil denúncias sobre mensagens e vídeos ofensivos à candidata petista. Apesar de toda essa estrutura, o presidenciável Serra procura se apresentar como vítima e cinicamente afirma que foi o PT que colocou o debate sobre o aborto na pauta eleitoral. Não foi (leia reportagem acima).

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      Para combater a disseminação de calúnias, a coordenação da campanha de Dilma criou, na semana passada, uma espécie de disque-denúncia em 59 cidades brasileiras. ?Há indícios veementes de que os panfletos apreendidos pela PF foram produzidos pela campanha de nosso adversário?, disse o deputado José Eduardo Martins Cardozo (PT-SP). ?A despesa é por conta da diocese de Guarulhos, que tem pleno direito a manifestar-se sobre questões que considera relevantes?, retrucou Serra. A alegação do tucano não é verdadeira, como explica o advogado Eduardo Nobre, especialista em direito eleitoral: ?Entidade religiosa não pode fazer doações para candidatos ou partidos políticos. Os bispos que assinaram o manifesto podem ser processados por calúnia e difamação e ser obrigados a pagar multa.?

      A campanha eleitoral rasteira deste ano é um marco na história do País. A onda de mensagens preconceituosas pulverizada na internet pelos grupos ultraconservadores agora aliados dos tucanos debocha do poder de dicernimento do eleitorado. Recorrendo a artimanhas subterrâneas, foge ao debate de questões vitais para o avanço do Brasil. O volume e a rapidez de propagação de falsidades são inéditos. E não há dúvida de onde partem: após o primeiro turno, numa reunião da cúpula tucana em Brasília, foi distribuído um panfleto com instruções de como propagar uma campanha anti-Dilma na internet. Num dos trechos, há recomendação para que militantes visitem o site do Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, um dos fundadores da TFP (Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade), um dos grupos mais arraigados ao conservadorismo no País.
      Apostando no peso do voto religioso, a central de boatos de Serra parece usar métodos da inquisição e fazer campanha para a sucessão de Bento XVI ? e não de Lula. Uma das providências desses militantes tucanos foi distribuir ?santinhos? com a foto e a assinatura de Serra, junto à inscrição ?Jesus é a verdade e a justiça?. Panfletos como este, porém, acabaram irritando muitos católicos. Menos de uma semana depois do vexame de Canindé, o evidente uso e abuso tucano de armações com radicais de ultradireita já dava sinais de fadiga. As feitiçarias e os supostos pecados começavam a recair sobre quem se esmerou em propagá-los. ?A Igreja não tem a tutela nem a missão de dominar a consciência política do povo?, disse padre Júlio Lancellotti, na terça-feira 19, durante um ato de apoio de juristas e intelectuais à candidata petista. O religioso e escritor Frei Betto fez coro: ?Bispos panfletários não falam em nome da Igreja nem da CNBB. É opinião pessoal, só que injuriosa, mentirosa e difamatória.?
      Colaborou Francisco Alves Filho

      A hipocrisia do aborto


      Teoria e prática de Mônica Serra
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      Nesta campanha, o casal Mônica e José Serra rompeu a fronteira entre o público e o privado ao dar conotação eleitoreira ao tema do aborto. Quando retirou o procedimento da categoria de saúde pública ou de foro íntimo, o casal abriu um flanco na própria privacidade. Serra vinha condenando de forma sistemática a descriminalização ao aborto. Mônica, por sua vez, havia sido ainda mais incisiva, intrometendo-se no assunto durante uma carreata com o marido em Duque de Caxias (RJ): ?Ela (Dilma) é a favor de matar as criancinhas?, disse a um ambulante que apoiava a candidata do PT. Não demorou para que o relato de um aborto feito por Mônica quando Serra vivia exilado no Chile virasse assunto público. O caso foi trazido à tona pela bailarina e coreógrafa Sheila Canevacci Ribeiro, 38 anos, ex-aluna de Mônica no curso de dança da Universidade de Campinas. Ao lado do marido, o antropólogo italiano Massimo Canevacci, Sheila assistia em sua casa a um debate entre os presidenciáveis quando Dilma Rousseff questionou Serra sobre ataques feito por Mônica. Surpreendida, Sheila se lembrou em detalhes de uma aula de psicologia ministrada em 1992 por Mônica para a sua turma na Unicamp. Ao discorrer sobre como os traumas da vida alteram os movimentos do corpo e se refletem no cotidiano, Mônica contara ao pequeno grupo de alunas do curso de dança que ficara marcada por um aborto que precisou fazer na época da ditadura, devido às condições políticas adversas em que vivia. ?Fiquei assustada com o duplo discurso de minha professora?, afirma Sheila, que na manhã seguinte colocou uma reflexão sobre o assunto em sua página na rede social Facebook.
      A coreógrafa acreditava estar compartilhando a experiência com um grupo de amigos, mas o texto se espalhou, ganhou as páginas dos jornais e até uma nota oficial da campanha de Serra negando o aborto. Já Mônica e Serra não fizeram qualquer desmentido sobre o caso. Na sequência, Sheila recebeu milhares de apoios, mas também críticas, incluindo a de ter traído sua antiga professora. ?Foi ela quem traiu minha confiança como aluna e mulher?, diz a coreógrafa. ?Ela não é a mulher do padeiro, do dentista. Ela é a mulher de um candidato a presidente da República. O que ela fala e faz conta.?
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      As atitudes das personalidades públicas contam tanto que chegam a provocar temor. Colega de classe de Sheila, a professora de dança C.N.X., 36 anos, também se lembra do depoimento de Mônica na universidade, mas pede para não ser identificada. Recém-aprovada em concurso de uma instituição federal, ela acredita que, se eleito presidente, Serra pode prejudicar sua carreira. Quanto à aula de 1992, C.N.X. conta que o grupo de alunas não chegava a dez e estava sentado em círculo quando Mônica comentou que um dos fatores que tinham alterado sua ?corporalidade? foi a vivência na ditadura e a necessidade de fazer o aborto. ?Ela queria ter o filho, não queria ter tirado?, diz a professora de dança. ?E eu fiquei muito chocada com o depoimento, pois na época era muito bobinha?, completa C.N.X., que passara no vestibular com apenas 16 anos e pela primeira vez vivia longe da família.

      Na opinião da professora de dança, nada impede que, de 1992 para cá, Mônica tenha mudado de ideia: ?Mas ela não pode ser hipócrita. Sabe que o aborto é uma experiência traumática.? Trata-se também de um tabu no País, embora 5,3 milhões de brasileiras entre 18 e 39 anos tenham feito pelo menos um aborto, de acordo com o Ministério da Saúde. Mais da metade das brasileiras que se submete ao procedimento acaba internada devido a complicações da intervenção. Como se não bastasse, pode ser condenada a pena de um a três anos de detenção, como prevê o Código Penal de 1940, exceto para os casos de estupro ou de risco de morte da mãe. A mudança dessa lei ? ISTOÉ defende a descriminalização do aborto ? pode ser o primeiro passo para acabar com a hipocrisia e transformar a interrupção da gravidez em uma questão de saúde pública e de foro íntimo.