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sábado, 21 de setembro de 2013

Dias e o STF:
a pressão perdeu

Fantasia da Direita: as cadeias agora (com a degola do Dirceu) serão divididas entre pobres e ricos …
Singela homenagem do amigo navegante Marcio Palma, de Salvador

O Conversa Afiada reproduz a abertura da “Rosa dos Ventos”, a imperdível seção de Mauricio Dias, na Carta Capital, onde o Mino, essa semana, se debulha em lágrimas pelas atrizes globais:

A mídia perdeu – O resultado da votação dos embargos infringentes, com resultado apertado, expressa a derrota da imprensa que sempre tentou pautar o julgamento.

Valendo-se de espaço farto na imprensa, os arautos do apocalipse do Supremo Tribunal Federal, o fim da credibilidade da corte, quebraram a cara. Anunciaram que, vitoriosa a aceitação dos embargos divergentes benéficas a 11 réus da Ação Penal 470, a Justiça estaria desmoralizada perante a opinião pública.

A decisão sobre a inclusão dos embargos chegou a uma dramática situação de empate: cinco juízes contra e cinco a favor dos embargos. O ministro Celso Mello estava com o voto de desempate. Indicado no governo Sarney, ele é o mais antigo ministro da corte.

Sem nenhum constrangimento, o ministro Marco Aurélio Mello, que votou contra o uso desse recurso, botou a faca no pescoço do decano e alertou publicamente: “As pessoas podem ficar decepcionadas, e isso pode levar a atos”.

E, de fato, levou. No dia decisão um braço do que os jornais consideram opinião pública chegou às portas do STF. Houve tentativas de bombardear o prédio com fatias de pizza, gritando palavras de ordem contra a possível aceitação do embargo.

Visto pela TV fica a desconfiança de que havia mais pizza do que manifestantes.

A imprensa não deu destaque. Os manifestantes não saíram na foto. Não era aquela multidão esperada e cultivada no imaginário de alguns.

A imprensa, como nunca antes em qualquer país do mundo, tentou pautar o um julgamento na Justiça. Nos Estados Unidos há pelo menos um caso que, por essa razão, levou o juiz a anular o julgamento.

Mas é possível tirar daí uma lição. Pressionar o Supremo Tribunal Federal, como fez a mídia, pode ser o começo de um processo capaz de criar instabilidade jurídica.

Nesse episódio a pressão perdeu. Uma derrota com placar apertado.

Com decisões desmedidas, estimulada pela atenção espetaculosa da imprensa, o julgamento do chamado “mensalão” sempre esteve um tom acima do objetivo natural de fazer justiça, de punir os envolvidos nos delitos cometidos.

Há 25 réus condenados com penas que variam de dois a quarenta anos. Por que tanta resistência com os embargos infringentes que poderão somente alterar, para menos, algumas penas? Não se pode dizer que a Justiça deixou de cumprir seu papel em função da cor do colarinho dos réus. Não só cumpriu como exagerou.

É nesse ponto que se vê o outro lado da Ação Penal 470: a face política que, a partir de certo ponto, transformou o “mensalão” em julgamento de exceção. Construíram, sem constrangimentos, pontes, escadas e abriram trilhas imaginárias, fosse o que fosse, para punir aqueles réus com “notória exacerbação”, como anotou o ministro Teori Zavaski. 

O “mensalão” foi uma rara oportunidade da direita de tentar provar que no Brasil os privilegiados também são punidos quando erram. Quem quiser que se embale nessa fantasia. Ela insinua que, a partir de agora, as celas das cadeias vão ser divididas por pobres e ricos, pretos e brancos.

Clique aqui para ler
“Janot esculacha Gurgel, que Collor chama de Prevaricador”

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

mascaratuca

A direita que não mostra a cara contra a esquerda que ficava muda

2 de setembro de 2013 | 09:08
Cumprindo seu papel de “Facebook” da direita, o site da Folha assume a campanha de convocação da agora enfraquecida “Operação Sete de Setembro”, a tal “onda” de manifestações que se planeja para o próximo sábado.
Em boa parte porque a mídia, que as promovia, está dividida agora.
Mas que ninguém se iluda, elas vão ocorrer, porque a esta altura há grupos com ousadia e meios para fazê-lo e vão encontrar um ambiente onde não recebem enfrentamento político-ideológico e se valem da mais que justa insatisfação da população com o atraso e as distorções da vida política brasileira para levar água ao moinho da direita brasileira.
Até porque estes grupos não a direita real, mas apenas seus instrumentos – incientes, muitas vezes – de desestabilização de um governo progressista, no lugar do qual pretendem colocar não sabem bem o que, embora os acontecimentos no Egito devessem ter mostrado que as roupas pretas e toucas ninja que sobem ao poder não são exatamente os black blocs.
Mas, se os “anonymous” não são a direita real, o contrário é real: procure um reacionário no Brasil e encontrará um simpatizante dos “anonymous”, gostem disso eles ou não.
O apolítico, há tempos é assim, é sempre de direita, porque a ausência de polêmica é a manutenção do status quo.
Não se exija tanta lucidez, porém, de uma juventude à qual deixamos de dar referências políticas e ideológicas, à qual desacostumamos de manifestações públicas, a quem legamos a ideia de que a associação – sindical, estudantil, partidária – se resume na obtenção de favores e posições. Exceções raras e honrosas, como o MST, quem pode honestamente dizer que isso não se passou?
Quantas vezes nos iludimos achando que uma gestão técnica e republicana (jamais pensei que ia ter problemas em ouvir essa palavra, que tanto amo) e que o simples e inegável sucesso da administração do país bastaria para manter a hegemonia conquistada depois de quase 40 anos de governos de direita?
Deixamos de nos identificar, de revelar o que somos, de apontar-lhes o dedo e acusá-los pelo atraso, pela pobreza e pela dependência deste país.
Encaixotamo-nos no discurso da eficiência, da governabilidade, e deixamos de lado o do desejo, do sonho, da busca, esquecido que somos matéria e sonho, barriga e mente, presente e futuro.
O tempo faz a vida pender para os primeiros e a e tender a abandonar os segundos.
Essa força é a morte e a morte só não nos alcança se a desafiamos.
Na política, isso é tão verdade quanto na existência individual. Passamos por isso ao final do primeiro governo Lula, quando achamos que a imensa empatia que se construiu com a sua eleição bastaria para reconduzi-lo. Fomos às pressas, correndo, buscar no amor ao progresso do Brasil e no horror às privatizações criminosas de Fernando Henrique a tábua que nos salvou do naufrágio eleitoral.
De alguma forma, no Governo Dilma, este erro repetiu-se.
Gerente, faxina, gestão…Bonito, caímos nas “graças” de uma mídia “simpática”, que exaltava a figura presidencial enquanto minava as forças que lhe davam sustentação política. Não fosse o caráter e a solidez ideológica de Dilma Rousseff, quão perto estaríamos de uma traição política, não é?
Mesmo assim, deixamo-nos cair na rotina e fugimos da polêmica. A comunicação do governo não é política, é “institucional e republicana” (estão vendo porque a palavra me arrepia?).
Mas, vejam que maravilha é a força do povo, basta um pequeno episódio, uma situação que marque claramente onde estamos e o que queremos para que ela se acenda e ilumine os caminhos.
Este episódio dos médicos, num instante, repartiu os campos com uma clareza que todos puderam, sem dificuldade, entender. O conservadorismo elitista, excludente, que pensa este país para si e não para o seu povo desnudou-se, estrilou e, afinal, submergiu em gaguejos e desculpas “éticas e técnicas” e foi varrido com todos os seus senões para o lugar desprezível que merece.
Porque a direita brasileira, quando se lhe mostra a cara, vemo-la como ela é: monstruosa, disforme, encarquilhada, mesmo quando se exime de roupas brancas e personagens jovens.
Sua face é horrenda e sua causa, desumana.
Natural, portanto, que se mascare.
Mas nós voltaremos à mudez?
Ilustração: Vitor Teixeira
Por: Fernando Brito


Grito dos Excluídos 2013 tem juventude como tema este ano


O 19º Grito dos Excluídos terá como tema este ano a exclusão dos jovens. Com o lema Juventude que Ousa Lutar Constrói Projeto Popular, os movimentos sociais e as pastorais promoverão vários atos em todo o País no dia 7 de setembro, quando se comemora o Dia da Independência, para chamar a atenção para os problemas que enfrentam os jovens brasileiros, principalmente os que vivem nas periferias.


Cartaz do Grito dos Excluídos 2013/divulgação
"A juventude, ao mesmo tempo em que é sinal de esperança e potencial de criatividade, é a mais excluída da sociedade, seja por conta do trabalho ou da violência", disse Marcelo Naves, membro do Instituto Paulista de Juventude.

Segundo Naves, nos últimos anos o Brasil tem avançado no mundo do trabalho, mas não o suficiente para incluir os jovens. "Dos desempregados (do País), metade são jovens. E, dos que estão empregados, há uma quantidade enorme em condições precárias, principalmente no mercado informal", disse Naves.

Os jovens, de acordo com ele, também estão excluídos da educação, principalmente nas universidades públicas e federais, apesar do governo ter criado programas de inclusão, tal como o Programa Universidade para Todos (Prouni). "E, por último, há ainda a questão da violência e do extermínio. Estamos, de fato, assistindo ao genocídio da juventude negra. A gente registra cerca de 50 mil homicídios por ano e, desse total, em mais de 40% das vítimas são jovens", disse ele.

São Paulo
Na capital paulista, o ato terá início às 8h com uma missa que será celebrada na Catedral da Sé, na região central. Depois, haverá um ato político a partir das 9h, na frente da catedral, com a participação de sindicatos, movimentos sociais, pastorais sociais e partidos políticos.

Em seguida, os manifestantes sairão em caminhada da Praça da Sé até o Parque da Independência, no Ipiranga, local onde D. Pedro I declarou o Brasil independente de Portugal, em 1822. "Lá, em frente ao Monumento (da Independência), faremos o contraponto do grito de independência com o grito dos excluídos."

No mesmo dia, haverá também um ato na cidade de Aparecida, interior paulista. "O grito começa a partir das 6h, com a romaria dos trabalhadores", disse Liciane Andrioli, militante do Movimento dos Ameaçados por Barragens (Moab).

Já no dia 5 de setembro haverá o pré-grito, com início às 8h, na avenida Paulista. "O pré-grito tem um caráter de preparação para o dia 7 de setembro. Em São Paulo, estamos organizando um pré-grito com concentração das ações na avenida Paulista e um dos temas principais é a denúncia do modelo energético implantado em nosso país. Uma das pautas é o direito dos atingidos por barragens", disse Liciane. Segundo ela, há hoje no País mais de 2,2 mil barragens, "que expulsaram mais de um milhão de pessoas". "E, desse total, mais de 70% não tiveram o reconhecimento de seus direitos", disse Liciane.

O Grito dos Excluídos foi criado em 1994, mas o primeiro evento só ocorreu em setembro de 1995. Ele é organizado pela Pastoral Social da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e tem apoio do Movimento dos Ameaçados por Barragens (Moab) e pelo Movimento Nacional dos Moradores de Rua, entre outros. Mais informações e o cartaz com o tema do Grito deste ano podem ser encontrados em www.gritodosexcluidos.org.