Páginas

sábado, 30 de março de 2013


Mídia: não vamos esperar os “outros” fazerem aquilo que nós temos de fazer - Por Artur Henrique
Artur Henrique (Foto: Roberto Parizotti)

"O fato de nosso 1º de Maio que será comemorado em São Bernardo ter adotado como lema a democratização das comunicações merece ser saudado"


O debate envolvendo o tema da democratização da mídia, após as declarações do ministro das Comunicações de que o Executivo não iria encaminhar projeto para regulamentar os artigos da Constituição de 88, que tratam desse tema, nos levam a refletir primeiro sobre as possíveis razões para essa decisão, mas, também, e talvez o mais importante, seja discutir o quê fazer.
Em relação às possíveis razões – se é que podemos falar de razoabilidade nesse caso – só consigo enxergar um motivo: na arena da disputa política (ou da guerra) costuma-se dizer que não devemos abrir muitas frentes contra o inimigo ou adversário sob pena de ele se rearticular por seus interesses ou de se defender para depois contra-atacar.
Nessa “lógica”, o enfrentamento ao sistema financeiro, com a ação correta e firme do governo da Presidenta Dilma contra as altas taxas de juros, e também a luta em favor da redução das tarifas de energia elétrica, se opondo a empresas e alguns Estados governados pela direita e pelos neoliberais (que de “neo” não têm nada), poderiam ser usados para tentar justificar a decisão do governo, ou parte dela, de que não deveríamos abrir outra frente de luta, de enfrentamento, agora com os poucos, mas poderosos, donos dos meios de comunicação no Brasil. Seria talvez um risco para as eleições de 2014.
Mas fico me perguntando. O que mais eles podem fazer? Já não há exemplos suficientes nos últimos dez anos? O que eles fizeram com Lula, Presidente da Republica, em 2005?! E com o Julgamento da Ação Penal 470?! E com a Presidenta Dilma, também?!
Primeiro, disseram que ela era muito melhor do que Lula, mais competente, mais “gerente”, mais eficiente. Depois, quando viram que não conseguiram colocar um contra o outro, resolveram, por intermédio de um julgamento midiático e sem provas, tentar colar a corrupção na imagem do PT e do Lula. Também não alcançaram êxito, já que o PT foi o partido mais bem votado nas eleições municipais de 2012 e é o Partido que tem a maior preferência do eleitorado brasileiro.
Com o fracasso (por enquanto) de mais essa tentativa de inviabilizar o governo e barrar as chances eleitorais do PT em 2014 e nos anos seguintes (sim, essas tentativas não serão interrompidas; talvez, modificadas em sua forma), agora os meios de comunicação partiram para desqualificar a Dilma, o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e promovem todos os dias “noticias” para dividir os partidos aliados da base do Governo.
Ou seja, o que mais “eles” podem fazer? Ou ainda, o que mais nós devemos temer ante a necessidade de enfrentamento?
Muito menos do que ficar discutindo, entre nós, o acerto ou não dessa provável avaliação do governo de que não seria hora de abrir novas frentes de combate (digo provável porque não sei ao certo o que se passa na mente daqueles que se ocupam do tema no Executivo), acredito que o mais importante nesse momento seria concentrar os nossos esforços na campanha e na mobilização da sociedade para regulamentar os artigos da constituição e democratizar a mídia no Brasil.
Cabe ao movimento social, ao movimento sindical e aos partidos políticos comprometidos com essa mudança, que é fundamental para fortalecer a democracia brasileira (junto com a reforma política), arregaçar as mangas e agora, mais do que nunca, fortalecer a nossa unidade, ampliar as alianças e partir para uma mobilização de massa que pressione o parlamento a votar aquilo que a maioria do povo quer que se vote neste pais.
Cada jornal de sindicato, de movimento social, cada rede social, cada rádio comunitária, cada TV web, etc., tem de colocar esse tema como fundamental nas suas publicações como forma de sensibilizar a sua base para importância de fortalecer a luta por transformações sociais e políticas.
Alguns passos importantes estão em curso, como o projeto de nossa Rede Brasil Atual. Mas ainda é preciso que o conjunto dos movimentos coloquem esse tema como parte permanente de suas campanhas e mobilizações. Nesse sentido, o fato de nosso 1º de Maio que será comemorado em São Bernardo ter adotado como lema a democratização das comunicações merece ser saudado.
E cabe aos partidos, em especial ao PT,  pressionar para que o Poder Executivo, caso insista em não ajudar, que pelo menos não atrapalhe mais do que já vem fazendo em relação a esse tema.
Artur Henrique da Silva Santos  é secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, presidente do Instituto de Cooperação da CUT e diretor da Fundação Perseu Abramo.

terça-feira, 5 de março de 2013

Barbosa ofende jornalista
e se desculpa com dor

O repórter do Estadão não chegou a fazer a pergunta

  • O que é o lixo? A imprensa?
    Saiu no G1:

    ‘Vá chafurdar no lixo’, diz presidente do STF a repórter

    Em nota, Barbosa pediu desculpas à imprensa e disse estar com dores.
    Ministro também chamou repórter de jornal de ‘palhaço’.

    O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, mandou um repórter “chafurdar no lixo” após sessão desta terça-feira (5) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), do qual ele também é presidente.
    Em nota assinada pelo secretário de comunicação do Supremo, o ministro pediu desculpas aos profissionais da imprensa e afirmou que respondeu de forma “ríspida” por estar tomado pelo “cansaço e fortes dores”.
    Na saída da sessão, o repórter Felipe Recondo, do jornal “O Estado de São Paulo”, iniciou uma pergunta: “Presidente, como o senhor está vendo…” Barbosa interrompeu e disse: “Não estou vendo nada”, disse em tom alto.
    Depois, na presença de jornalistas de vários veículos, o presidente se voltou para o jornalista, aos gritos: “Me deixa em paz, rapaz. Me deixa em paz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre.”
    O repórter, então, tentou conversar com Barbosa: “O que é isso, ministro? O que houve?” E Barbosa, então, respondeu: “Estou pedindo, me deixe em paz. Já disse várias vezes ao senhor.”
    O jornalista tentou mais uma vez conversar com o presidente do tribunal. “Eu tenho que fazer pergunta, é meu trabalho.” E Barbosa, gritando, novamente disse: “Eu naõ tenho nada a lhe dizer. Não quero nem saber do que o senhor está tratando.”
    Depois, do elevador do prédio, Barbosa disse em tom alto: “palhaço”. O diretor de redação do “Estado de S.Paulo” em São Paulo, Ricardo Gandour, disse que é um fato público e não vai comentar o episódio.
    (…)

    Ouça o áudio na íntegra
    Leia a nota do STF sobre o caso:

    “Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa.

    O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque.


    Wellington Geraldo Silva
    Secretário de Comunicação Social – SCO
    Supremo Tribunal Federal”