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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011


Gilberto Carvalho: "governo Dilma será de muita competência"


 Reprodução


O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho disse, em entrevista, que seu papel será ajudar na relação com os movimentos sociais. O ministro afirmou que Dilma tem sensibilidade, mas não possui a mesma relação “epidérmica” que Lula com os movimentos e, por isso, teria afirmado, ao convidá-lo para o cargo: “sei que preciso dessa relação mais do que Lula precisou”. O ministro acredita que será um governo de "muita competência" e fala até em reeleição.

.                                                                                                                        Foto: Agência Brasil Gilberto Carvalho, que era o chefe de gabinete do ex-presidente Lula, substitui Luiz Dulci no cargo. O secretário-executivo será Rogério Sottili, que foi secretário-executivo da Secretaria Especial de Direitos Humanos, no governo Lula.
                                                                                            
                                                                                            
Foto: Agência Brasil

O ex-ministro Luiz Dulci, no seu discurso de despedida, recordou que no início do governo Lula foi constatada a necessidade de estabelecer uma nova relação do Estado com a sociedade civil, e que as políticas públicas não deveriam ser tomadas apenas pelos gestores. Segundo ele, Lula atribuiu à Secretaria-Geral a missão de coordenar o diálogo permanente com a sociedade civil e todos os movimentos sociais. De acordo com Dulci, nenhuma das grandes conquistas do governo do presidente Lula deixou de ter a participação dos movimentos sociais.
O ex-ministro Luiz Dulci passando o cargo a Gilberto Carvalho




O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho, afirmou que a presidenta Dilma Rousseff lhe atribuiu a missão, além de manter esse papel de mediador com os movimentos sociais, de trabalhar para erradicar a miséria no Brasil. Durante o seu discurso na cerimônia de transmissão de cargo, ele convocou a todos para se engajarem nessa luta e disse que o governo trabalha com uma demanda reprimida por séculos de injustiça social no país. Carvalho prometeu chamar a sociedade e os movimentos sociais para serem parceiros nesse processo pelo fim da pobreza.

Combate à corrupção

Já na sucinta entrevista, Carvalho se emociona ao falar de Lula e defende que o combate à corrupção começou no seu governo: “A insurgência [de Lula] não é contra os erros que aconteceram. É também contra essa história de que o governo dele foi o inventor da corrupção, quando a gente sabe que governo começou a combater a corrupção, porque antes tudo era discretamente e tucanamente muito bem guardado”.

Perguntado sobre o temperamento de Dilma e como serão as relações políticas, Gilberto Carvalho respondeu que Dilma não tem o mesmo peso definidor e capacidade de sedução que marcam a figura de Lula, ressaltando que as relações políticas serão um processo de construção.

Outro ponto abordado pela entrevista foi um possível reajuste dos salários de ocupantes de cargos de confiança no momento em que o país vive uma política de corte de despesas públicas. Gilberto Carvalho disse que essa proposta veio do Ministério do Planejamento e, embora a presidente Dilma ainda não tenha se pronunciado a respeito, acredita que se trata daquilo que a presidente considera “gasto inteligente”, pois trata-se de valorizar os quadros de confiança de governo. Além disso, ele explica que se trata de um reajuste para recuperar uma defasagem de quatro anos.

Pelé no banco de reservas

Sobre o papel de Lula durante o governo Dilma, Gilberto Carvalho brinca: “temos um Pelé no banco de reservas”, como um alerta manifesto à oposição: “É evidente que, se não der certo, temos um curinga. Estou dizendo para a oposição: ‘Calma. Não se agitem demais. Temos uma carga pesada. Não brinca muito que a gente traz. É ter o Pelé no banco de reservas’”.

Ao dizer isso, Carvalho foi perguntado sobre quais dificuldades poderiam representar essa situação. Ele acredita que as dificuldades, se por ventura ocorrerem, provavelmente serão algo como “uma dificuldade na gestão, na economia, algum acidente, por exemplo, na economia do mundo”, demonstrando confiança no novo governo Dilma.

Entretanto, o ministro afirma que Lula terá um comportamento “rigorosamente discreto” e que tem uma relação muito direta com a presidente Dilma Rousseff, sem precisar de intermediários para tratar qualquer assunto que ambos considerem importante. Ao mesmo tempo, Carvalho faz questão de ressaltar: “Acho que o governo Dilma será de muita competência. Se Deus quiser, faremos um belíssimo governo e ela será reeleita”.

PMDB

Sobre a participação do PMDB no governo, Carvalho valorizou a discussão a ser feita sobre presença de aliados no segundo e no terceiro escalões e afirmou que “o PMDB tem a grande chance histórica de mudar sua posição, de ser de fato um partido com unidade, e se converter numa verdadeira alternativa de poder. Aposto na soma desses fatores: mais participação do PMDB em outros escalões e o fato de que o partido tem uma chance de mudar de posição (...) romper essa tradição de um partido regionalista e que não foi até hoje alternativa de poder efetivo”.

Lula desceu a rampa

Ao falar sobre a despedida de Lula, descendo a rampa, Gilberto Carvalho se emocionou novamente: “tem uma coisa enorme de agradecimento a Deus e à vida por essa possibilidade de ter convivido com esse cara. Tem uma coisa de perda de cotidiano, de liberdade. Vou ficando velho e ficando chorão. Caramba. Não pensei que doía tanto. É isso, um tempo da minha vida que sei que terminou”.

Da redação, Luana Bonone, com Folha de S. Paulo e Agência Brasil

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