Niko Schvarz: O Marrocos massacra os saarauís
| لمملكة المغربية IAl Mamlaka al-Maghrebiya Reino de Marrocos | |
| Lema: Allāh, al Waţan, al Malik em português: Deus, Nação, Rei |
De acordo com um comunicado muito urgente que eu acabei de receber "milhares de soldados do exército marroquino e todas as forças de ocupação estão atacando os cidadãos saarauís, entrando nos campos nos arredores da cidade de El Aiún, a capital, atacando homens, mulheres, crianças e idosos e destruindo suas haimas (tendas de campanha). Parte do acampamento está queimando”.
Por Niko Schvarzer*Isso ocorre no dia que o Marrocos e a Frente Polisário realizam em Nova York uma nova reunião informal, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), para tentar retomar o diálogo sobre a soberania do Saara Ocidental.
Seguem as informações. Um helicóptero lança bombas de gás lacrimogênico e água quente sobre a população que se encontra no acampamento. As mulheres estão aterrorizadas, mas não querem fugir porque temem que matem seus maridos e seus filhos. A intervenção contra civis desarmados é brutal. As forças de intervenção rápida e militares estão atirando contra a população, contra as mulheres que buscam se proteger do gás que as impede de respirar e de ver.
Quem está resistindo à ofensiva de forma mais direta são as centenas de saarauís que se amontoam em frente aos ocupantes para tentar impedi-los de entrar no campo Gdeim
Izik, situado a uns 18 quilômetros de El Aiún, onde mais de 20 mil saarauís armaram suas tendas para reivindicar seus direitos. O comunicado afirma: "Não sabemos se a ofensiva marroquina irrompeu por algum outro ponto do acampamento. O que sabemos, sim, é que Marrocos começou um genocídio e mais de 20 mil pessoas são afetadas".
De imediato a cidade de El Aiún se pôs de pé, centenas de habitantes saíram às ruas para expressar o seu protesto, e convoca-se uma manifestação em frente à Embaixada de Marrocos em Madri. Reivindica-se a intervenção imediata da ONU. A Europa Press diz que a intervenção marroquina é "uma declaração de guerra". Às 8h15 da manhã, horário da Espanha, anunciaram-se combates no leste do acampamento, onde estão instaladas um total de 4.680 barracas, resultando em um número significativo de feridos, sem poder precisar se havia vítimas fatais. Agregue-se que as forças marroquinas estavam utilizando helicópteros e dispararam bombas de gás lacrimogêneo e mísseis que explodem no ar. Horas depois, anunciou-se que o acampamento foi parcialmente desmontado, há barracas em chamas e se pede por megafones que as mulheres e as crianças o abandonem.
A Frente Polisário denuncia "um ato de barbárie" e reivindica que a ONU aja com urgência.
O representante da Frente Polisário na Espanha, Beyun Bucharaya, declarou que o Marrocos quer cometer um massacre em silêncio, que não transcenda o acampamento, e, portanto, não quer que ninguém acesse El Aiún.
No sábado, as autoridades marroquinas detiveram em Casablanca três deputados regionais espanhóis (bascos e navarros), e a polícia marroquina, no domingo, impediu o eurodeputado da Esquerda Unida da Espanha, Willy Meyer (que já tinha sido alvo dessa política repressiva anteriormente) de desembarcar na República Árabe Saharaui Democrática. Meyer, que tinha deixado as Ilhas Canárias na tarde de ontem acompanhado de três jornalistas espanhóis para visitar o campo saharaui, afirmou que Marrocos “não quer testemunhas no Saara Ocidental”, e que o rei do Marrocos, Mohammed VI, quer blindar esses territórios da imprensa, dos deputados eleitos do Estado Espanhol e da União Europeia, em "uma atitude absolutamente intolerável". Todos os deputados mencionados foram devolvidos por avião para Madri. No mesmo domingo, houve confrontos em El Aiún entre manifestantes e a polícia de choque Marrocos.
Adolescentes saarauí queimaram pneus e levantaram barricadas no centro da capital, enquanto cantavam slogans pela autodeterminação do povo saharauí. Houve intensos enfrentamentos nas ruas, quando as forças marroquinas reprimiram duramente membros de uma coluna de veículos que tentavam se unir ao protesto no acampamento.
A Frente Polisário classificou de "agressivo" o discurso de sábado (6) do rei de Marrocos Mohamed VI para marcar o 35º aniversário da Marcha Verde, com a qual Marrocos assumiu a maioria das colônias até então espanholas do Saara Ocidental. Denunciou que esta atitude
mina os esforços da comunidade internacional para alcançar uma solução justa e duradoura para a região. Justamente para esse fim foi marcada a reunião de segunda-feira (8) – e terça (9) -, em Manhasset, nas redondezas de Nova York, por convocação do enviado especial da ONU Christopher Ross, com a participação do Marrocos e da Frente Polisário, além da Argélia e da Mauritânia, como observadores.
*Niko Schvarz é jornalista e membro da direção da Frente Ampla do Uruguai
Fonte: La Republica
Tradução: Luana Bonone
Quem está resistindo à ofensiva de forma mais direta são as centenas de saarauís que se amontoam em frente aos ocupantes para tentar impedi-los de entrar no campo Gdeim
Izik, situado a uns 18 quilômetros de El Aiún, onde mais de 20 mil saarauís armaram suas tendas para reivindicar seus direitos. O comunicado afirma: "Não sabemos se a ofensiva marroquina irrompeu por algum outro ponto do acampamento. O que sabemos, sim, é que Marrocos começou um genocídio e mais de 20 mil pessoas são afetadas".
De imediato a cidade de El Aiún se pôs de pé, centenas de habitantes saíram às ruas para expressar o seu protesto, e convoca-se uma manifestação em frente à Embaixada de Marrocos em Madri. Reivindica-se a intervenção imediata da ONU. A Europa Press diz que a intervenção marroquina é "uma declaração de guerra". Às 8h15 da manhã, horário da Espanha, anunciaram-se combates no leste do acampamento, onde estão instaladas um total de 4.680 barracas, resultando em um número significativo de feridos, sem poder precisar se havia vítimas fatais. Agregue-se que as forças marroquinas estavam utilizando helicópteros e dispararam bombas de gás lacrimogêneo e mísseis que explodem no ar. Horas depois, anunciou-se que o acampamento foi parcialmente desmontado, há barracas em chamas e se pede por megafones que as mulheres e as crianças o abandonem.
A Frente Polisário denuncia "um ato de barbárie" e reivindica que a ONU aja com urgência.
O representante da Frente Polisário na Espanha, Beyun Bucharaya, declarou que o Marrocos quer cometer um massacre em silêncio, que não transcenda o acampamento, e, portanto, não quer que ninguém acesse El Aiún.
No sábado, as autoridades marroquinas detiveram em Casablanca três deputados regionais espanhóis (bascos e navarros), e a polícia marroquina, no domingo, impediu o eurodeputado da Esquerda Unida da Espanha, Willy Meyer (que já tinha sido alvo dessa política repressiva anteriormente) de desembarcar na República Árabe Saharaui Democrática. Meyer, que tinha deixado as Ilhas Canárias na tarde de ontem acompanhado de três jornalistas espanhóis para visitar o campo saharaui, afirmou que Marrocos “não quer testemunhas no Saara Ocidental”, e que o rei do Marrocos, Mohammed VI, quer blindar esses territórios da imprensa, dos deputados eleitos do Estado Espanhol e da União Europeia, em "uma atitude absolutamente intolerável". Todos os deputados mencionados foram devolvidos por avião para Madri. No mesmo domingo, houve confrontos em El Aiún entre manifestantes e a polícia de choque Marrocos.
Adolescentes saarauí queimaram pneus e levantaram barricadas no centro da capital, enquanto cantavam slogans pela autodeterminação do povo saharauí. Houve intensos enfrentamentos nas ruas, quando as forças marroquinas reprimiram duramente membros de uma coluna de veículos que tentavam se unir ao protesto no acampamento.
A Frente Polisário classificou de "agressivo" o discurso de sábado (6) do rei de Marrocos Mohamed VI para marcar o 35º aniversário da Marcha Verde, com a qual Marrocos assumiu a maioria das colônias até então espanholas do Saara Ocidental. Denunciou que esta atitude
mina os esforços da comunidade internacional para alcançar uma solução justa e duradoura para a região. Justamente para esse fim foi marcada a reunião de segunda-feira (8) – e terça (9) -, em Manhasset, nas redondezas de Nova York, por convocação do enviado especial da ONU Christopher Ross, com a participação do Marrocos e da Frente Polisário, além da Argélia e da Mauritânia, como observadores.
*Niko Schvarz é jornalista e membro da direção da Frente Ampla do Uruguai
Fonte: La Republica
Tradução: Luana Bonone
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