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quinta-feira, 4 de agosto de 2011



 Aécio Neves e o “governadorismo de coalizão”


Em seu artigo semanal no jornal Folha de São Paulo, o senador Aécio Neves assina nesta segunda-feira, 01/08, algo, no mínimo, esquizofrênico.
Sob pretexto de acusar insuficiente a chamada “faxina” que se opera no Ministério dos Transportes, ele desqualifica – pela enésima vez – os partidos políticos, fala mal do “presidencialismo de coalizão”, elogia um pseudo protaganismo de seu governo em Minas Gerais nas atitudes preventivas à corrupção (o que é questionável) e termina por dizer que a alteração do rito das medidas provisórias seria um grande avanço.
Ou seja, na falta do que propor, ele assina um texto confuso, com vários objetivos e vários “centros”. Essa descentração é uma marca da esquizopolítica. E a esquizopolítica é o mecanismo de fuga de quem não tem propostas.
Justiça seja feita, ele ressalta que o fenômeno não é exclusivo do governo Dilma e nem de “governos do PT”. Mas que agora se acirrou em face da luta fratricida pelos cargos desde o “governo anterior”, ampliando-se os desvios. Ou seja, seu perfil gelatinoso aparece mais uma vez: o governo anterior teve um presidente e Aécio o critica sem citá-lo. É assim que ele tenta dizer que faz política em alto nível. Xinga sua bisavó, mas não cita o nome da coitada. Hipocrisia.
Vamos por partes.
Ele reclama que a “faxina” da presidenta Dilma está limitada à mudança de cargos. Mas não ousa pronunciar o adjetivo proibido: corruptores. Tucanos fazem uma oposição seletiva. Quem acusa corrupção (substantivo), deveria também falar o adjetivo corruptor. Essa foi a missão que as urnas lhes deram. Uma faxina “autêntica”, como ele exige, deveria falar dos corruptores. Ou sua autenticidade é mera retórica?
Aliás, o governo FHC, o qual liderou na Câmara, foi o campeão quantitativo e “qualitativo” de escândalos de corrupção, e nem meia faxina fez (Pasta Rosa, Grampos BNDES, Marka FonteCindam etc). Isso sem falar num Ministério Público Federal amordaçado (Brindeiro, o engavetador geral da República), numa PF sucateada e num TCU dócil, que são exemplos de que os tucanos varreram tudo para debaixo do tapete.
Ao contrário, Lula criou a Controladoria Geral da União (CGU) que se tornou referência internacional e adotou medidas saneadoras inéditas: preventivas e corretivas. Reforçou a PF, ampliou os procedimentos das auditorias internas de ministérios, órgãos e empresas, além de disponibilizar todos os dados no Portal da Transparência do Governo Federal.
E Aécio ainda temcoragem de citar Minas como exemplo de prevenção. Tamanha desfaçatez não resiste aos fatos. A Rádio Arco Íris, os contratos das reformas do Mineirão e do estádio Independência, o escândalo do Instituto Estadual de Florestas, o contrato com Hindemburgo Pereira Diniz no BDMG, a manutenção de “fichas-sujas” do seu governo, no de Anastasia, o Centro Administrativo, o esquema IPSEMG/FASANO,  tudo isso documentado no e pelo Ministério Público, pelo TCE e pelos registros feitos na Assembleia Legislativa, através do bloco de oposição.
Aécio praticou seu “governadorismo de coalizão”, nos mesmos moldes que Lula e Dilma praticam o denominado presidencialismo de coalizão. Com uma diferença decisiva: amordaçando instituições que teriam o papel de fiscalizar e controlar seus atos de governo.
Basta comparar imprensa nacional X mineira, TCU X TCE, PGR X PGE etc.
Finalmente ele se lembra do tema da mudança dos ritos das medidas provisórias. Teve ele oito anos para remover as leis delegadas e seus ritos sumaríssimos em Minas Gerais. Pimenta nos olhos dos outros é refresco.


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