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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O amigo navegante Adilson Filho acaba de compor essa obra-prima do cancioneiro drummondiano:

Adilson (E agora?)

E agora, José?!

E agora, José?! (ou Canção do dia “pra sempre”)

E agora, José?

A festa acabou,

a Dilma ganhou

o Índio sumiu,

a Globo mudou..

e agora, José?

e agora, você?


você que é sem graça,

que zomba da massa,

você que fez plágio

que amou o pedágio

e agora, José?


Está sem “migué”

está sem discurso,

está sem caminho..

não pode beber,

não pode fumar,

cuspir não se pode,

nem mesmo blogar?


a noite esfriou,

o farol apagou

o voto não veio,

o pobre não veio,

o rico não veio..

não veio a utopia

não veio o João

tão pouco a Maria


e tudo acabou

o Diogo fugiu

o Bornhausen mofou,

e agora, José


E agora, José ?

Sua outra palavra,

seu instante de Lula:

careca de barba!

sua gula e jejum,

sua favela dourada

sua “São-Paulo de ouro”

seu telhado de vidro,

sua incoerência,

seu ódio – e agora ?


com a chave na mão

quer abrir qualquer porta,

não existe porta;

o navio afundou

quer morrer no mar,

mas o mar secou;

quer ir para Minas,

Minas não há mais.

nem Rio, Bahia, Sergipe, Goiás..

José, e agora ?


Se você gritasse,

se você gemesse,

se você tocasse

a valsa da despedida

e a Miriam tirasse…

se você dormisse,

se você cansasse,

como o leitor do Noblat

se você “morresse”

Mas você não morre,

você é vaso “duro”, José !


E sozinho no escuro

qual bicho-do-mato,

sem teogonia,

sem megalomania

Sem Folha, O Globo, Estadão, o Dia..

sem Cantanhede

para se encostar,

sem o cheiro da massa

pra você respirar..


e sem cavalo grego

que fuja a galope,

sem o Ali Babá

pra lhe arranjar algum golpe,

você marcha, José !

José, pra onde?

pra sempre?


E agora, José?

Se quando a festa acabou, o povo falou

que sem você, podia muito mais..

Então, nesse caso: Até nunca mais, José!

 ps: O Dia foi só pra compor a rima.

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