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sexta-feira, 25 de março de 2011

Vale: campanha histérica da mídia e da oposição contra Mantega

Engana-se quem acha que o neoliberalismo acabou ou foi mortalmente atingido pela crise mundial do capitalismo. A mera possibilidade de intervenção do governo no comando da Vale despertou reações histéricas, iradas e hipócritas na mídia capitalista e na oposição demo-tucana.

Afirma-se que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, está em movimento para forçar uma mudança na direção da empresa e a substituição de seu atual presidente, Roger Agnelli. Neste sentido, ele teria procurado o apoio do Bradesco, que é um dos principais acionistas da mineradora.

Propriedade capitalista
Com base em rumores neste sentido, a direita neoliberal, como sempre em estreita aliança com a mídia hegemônica, promove um ruidoso escândalo levantando a sagrada bandeira da propriedade privada capitalista, que (a julgar pelo que dizem) estaria prestes a ser violentada pelo governo Dilma.

Veja, Folha de São Paulo, Globo e Estadão falam uma só voz e estão em campanha aberta contra o ministro da Fazenda. O tema repercutiu no Congresso Nacional por iniciativa do senador mineiro Aécio Neves, que se arvora chefe supremo das forças neoliberais, e outros parlamentares do DEM e do PSDB.

Campanha reacionária
“Quais as razões para intervir numa empresa de capital privado?”, indaga o senador tucano. O presidente do precário e dividido DEM, José Agripino Maia, se disse apavorado com “a ideia de aparelhamento do Estado”, enquanto na Câmara o deputado Mendonça Filho (DEM-PE) apresentou um requerimento convocando Mantega a prestar esclarecimentos sobre o assunto.

“Intervenção descabida” é o título de um breve editorial publicado pelo jornal O Globo, que caracteriza de “desastrada” a suposta “pressão do ministro Guido Mantega sobre o Bradesco para retirar Roger Agnelli da Vale” e desce a lenha no PT. A deplorável Miriam Leitão diz que a “conversa entre Mantega e Bradesco é um sinal indecoroso de retrocesso da economia brasileiro”.

Privatização indecorosa
Indecorosa, a bem da verdade, foi a entrega da Vale na bacia das almas por um valor simbólico de R$ 3 bilhões, configurando um prejuízo gigantesco para os cofres públicos, fato que por si justifica a reestatização da empresa defendida pelos movimentos sociais. Só durante o ano passado a mineradora obteve um lucro de R$ 30 bilhões, ou seja, dez vezes o valor pago na escandalosa privatização patrocinada por FHC.

De todo modo, não é a revisão da privatização que está em questão, mas o direito inegável do Estado influenciar nos destinos da empresa. A razão é simples e objetiva: o governo controla mais de 60% do capital da empresa, através do BNDES e dos fundos de pensão. Lembremos que o BNDES (à época dirigido por Carlos Lessa) injetou dinheiro na empresa, em troca de ações ordinárias, para evitar a desnacionalização.

Desenvolvimento nacional
Conflitos entre o governo e Agnelli, executivo originário do sistema financeiro (Bradespar), ocorreram durante a crise de 2008, quando a empresa demitiu centenas de trabalhadores e posteriormente, em função da sua resistência em investir em projetos siderúrgicos que permitam uma maior agregação de valor ao minério de ferro, hoje exportado em estado primário ou como commoditie.

A pretensão de influenciar na definição da direção e dos projetos de investimentos da mineradora é mais do que legítima por parte de quem controla quase dois terços das ações e não renuncia à responsabilidade de induzir e promover o desenvolvimento nacional, no qual o papel da Vale hoje quase rivaliza com o da Petrobras.

Lobo em pele de cordeiro
O chamado pensamento único, de extração neoliberal, nega este direito elementar com histeria. Mas é preciso lembrar que o neoliberalismo foi rejeitado e derrotado pelo povo brasileiro, a última vez nas eleições de 2010. Infelizmente, os interesses que representa (de grandes grupos capitalistas) continuam fortes e atuantes.

Os eleitores também viraram as costas para a mídia, que com notória hipocrisia agora finge idolatrar a presidente Dilma (olvidando o papel sujo que desempenhou na campanha política a favor da direita tucana), procurando incompatibilizá-la com o ex-presidente Lula, e se julga no direito de continuar ditando regras e impondo agendas na política e na economia. Um comportamento asqueroso, de lobo em pele de cordeiro, que não merece mais do que o repúdio popular.

Da Redação, Umberto Martins, com agência

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