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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

 Faixa battisti 

Ontem, manifestantes pediram a libertação de Battisti no Congresso





  Battisti envia carta a senadores, nega acusações e sugere depor

 Numa carta entregue ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o ex-ativista italiano Cesare Battisti se defendeu, nesta quinta-feira (3), das acusações de ter assassinado quatro pessoas no seu país de origem no final dos anos 1970.  Na manhã de hoje, Suplicy e outros parlamentares visitaram o ex-ativista na penitenciária da Papuda, em Brasília, onde Battisti está preso desde 2007. 

"Aos senhores e às senhoras senadoras e senadores, deputados e deputadas federais e ao povo brasileiro,Suplicy leu a carta de Battisti no plenário e defendeu permanência dele no país. Na carta, o italiano negou os crimes de que é acusado na Itália e disse querer construir uma “sociedade justa” no Brasil.

Da tribuna do Senado, Suplicy afirmou que “como bisneto e neto de italiano”, depois de estudar o caso Battisti, estava convencido da inocência do italiano.

Ao ser aparteado por senadores da direita que não gostaram do fato de Suplicy defender a soltura de Battisti, o parlamentar petista propôs que o ex-ativista fosse ouvido na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. “Se quiserem chamar aqui Cesare Battisti para explicar, na Comissão de Constituição e Justiça, se ele cometeu qualquer dos quatro assassinatos, eu estou convencido de que [Battisti] é [inocente]”, disse Suplicy. “Se vossas excelências quiserem ouvi-lo, os senadores do partido Democratas, do PSDB, da oposição e todos os demais acabarão convencidos como eu fiquei”, complementou.

Colega de base governista de Suplicy, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) manifestou solidariedade ao petista por ter levantado o debate sobre Battisti na tribuna do Senado. “Quero me irmanar com o senador Suplicy por suas palavras e leitura da carta de Césare Battisti. A questão é de natureza política. O embate é aqui.”

Na carta, Battisti afirma que nas ações realizadas dentro do grupo de extrema-esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) no país, nunca provocou "ferimentos ou a morte de qualquer ser humano" e reclamou que nenhuma autoridade o convocou para saber a sua versão dos fatos. O ativista alegou que, durante seu julgamento, que culminou na decretação de prisão perpétua, ele estava exilado no México e não pôde se defender.

Confira a carta na íntegra:





De forma humilde, desejo transmitir aos representantes do povo brasileiro no Congresso Nacional um apelo para que possam me compreender à luz dos fatos que aconteceram na Itália desde os anos 70, nos quais eu estive envolvido.


É fato que nos anos 70 eu, como milhares de italianos, diante de tantas injustiças que caracterizavam a vida em nosso país, também participei de inúmeras ações de protesto e, como tal, participei dos Proletórios Armados pelo Comunismo. Nestas ações, quero lhes assegurar que nunca provoquei ferimentos ou a morte de qualquer ser humano. Até agora, nunca qualquer autoridade policial ou qualquer juiz me perguntou se eu cometi um assassinato. Durante a instrução do processo e o julgamento onde fui condenado à prisão perpétua, eu me encontrava exilado no México e não tive a oportunidade de me defender.

Durante os últimos 30 anos, no México, na França e no Brasil, dediquei-me a escrever livros e as atividades de solidariedade às comunidades carentes com quais convivi.


Os quase 20 livros e documentários que produzi são todos relacionados a como melhorar a vida das pessoas carentes, e como realizar justiça social, sempre enfatizando que, o uso da violência compromete os propósitos maiores que precisamos atingir. Desejo muito colaborar com estes objetivos de construção de uma sociedade justa, no Brasil, por meios pacíficos, durante o resto de minha vida.


Cesare Battisti


Papuda, 03/02/11"

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