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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Para Aécio Neves e Anastasia, banda-larga é "coisa de rico"



Lembram-se daquela inserção na TV durante a campanha eleitoral que falava: coisa de pobre e coisa de rico, na era demo-tucana?

Pois continua mais atual do que nunca no governo tucano mineiro.

O ex-governador tucano Aécio Neves, e o sucessor Anastasia acham que banda larga é coisa de rico. Coisa de pobre é só orelhão comunitário, planejado pelo governo FHC como meta na privataria, para o século XXI.

A CEMIG (estatal de eletricidade do governo de Minas), tem uma rede de fibra ótica de mais de 4.000 Km para internet e de TV a cabo, que chega a diversos bairros da capital e 29 cidades do interior.

Com essa formidável infra-estrutura pronta, onde já foram investidos US$ 203 milhões, e que poderia levar banda-larga popular a custo acessível aos mineiros, sobretudo da classe C para baixo, o governo demo-tucano fez a opção pelos ricos e pelo favorecimento às altas tarifas do oligopólio das operadoras de telefonia.

O dinheiro público da CEMIG é usado para construir e manter a rede com vultosos recursos, levando o sinal até a porta das casas nos condomínios de alto padrão, para entregar à exploração comercial pelas operadoras de Telefonia, como Oi/Telemar e CTBC Telecom, venderem banda-larga de luxo, chegando a 20MBits, com tarifas que chegam a ser superiores a R$ 200,00 mensais, e em planos "combo" passam de R$ 300,00.


A CEMIG Telecom (subsidiária da CEMIG na área de telecomunicações) se diz “carrier´s carrier”, ou operadora das operadoras. Em outras palavras, a estatal fica com o ônus do investimento pesado na infra-estrutura, e a mão grande e nada invisível do mercado fica com o bônus, apenas atuando como atravessadores: arrecada as elevadas tarifas dos consumidores de alta renda, e paga um módico aluguel da rede para a CEMIG.

Resumo: a CEMIG Telecom (subsidiária da CEMIG na área de telecomunicações) arruma a cama para os barões da telefonia dormirem.

Daniel Dantas na parada

A origem desse "modelo de negócio" ocorreu logo após Daniel Dantas montar o consórcio AES/Southern Energy/Opportunity que arrematou a privatização parcial de 33% CEMIG em 1997.

Em 13 de janeiro de 1999, a estadunidense AES em sociedade com a CEMIG, criava a empresa Infovias (agora rebatizada como CEMIG Telecom), com o objetivo de administrar a rede de fibras óticas da estatal e prestar serviços para empresas de TV por assinatura e Internet banda larga. A CEMIG passou a ser acionista e principal cliente da nova subsidiária.

A Infovias, por sua vez, criou a Way TV, operadora de TV a cabo em Belo Horizonte, e algumas poucas cidades do interior mineiro, usando essa rede da CEMIG.

Em 2002, FHC tinha quebrado o Brasil, a AES estava em crise e não pagava suas dívidas, o povo brasileiro estava sem poder aquisitivo, e tanto a Way TV como a Infovias acumulavam prejuízos e o mercado não era nada promissor. Mas a CEMIG "recomprou" sua própria rede por US$ 32 da milhões da AES (a parte da multinacional).

Fúria neoliberal de Aécio Neves fatiou e privatizou subsidiária para Oi

Depois gastar US$ 32 milhões para recomprar a empresa da AES, em 2003 Aécio Neves assumiu o governo e resolveu privatizá-la, mesmo sabendo que a principal cliente da Infovias era a própria dona: a CEMIG.

Em julho de 2004, o jornal Valor Econômico noticiava que a CEMIG estava finalizando o edital para privatização da Infovias. Talvez por acumular prejuízos e dívidas, a privatização da companhia de fibras óticas não foi à frente, mas resolveram privatizar de forma fatiada: apenas a Way TV foi vendida em 2006, sem as dívidas.

Quem comprou a Way Tv foi a Oi/Telemar por R$ 132 milhões, herdando a clientela e a exploração da rede construída de TV a cabo e banda-larga (a ANATEL vetou que a rede de cabos fosse vendida no pacote, permitindo apenas a cessão de uso da rede, sem exclusividade).

Sem privatizar, a empresa continuou alugando sua rede de fibras óticas para operadoras de telefonia privadas explorarem.

Quando Aécio e os demais neoliberais demo-tucanos privatizaram as telecomunicações, diziam que era porque as empresas privadas teriam muito mais capacidade de investirem do que o estado.

Agora qual é a razão, a não ser favorecimento, para os demo-tucanos neoliberais usarem a CEMIG estatal para bancar os investimentos em expansão da infra-estrutura (e nos nichos de mercado mais lucrativos, que interessam às operadoras privadas) e entregar na bandeja para os tubarões privados explorarem o serviço apenas como atravessadores entre o consumidor e a CEMIG, elevando as tarifas muito acima do custo e apenas recolhendo o lucro?

Se é para a CEMIG fazer toda a infra-estrutura que, pelo menos, ficasse com os lucros e que transferisse os benefícios para o consumidor com menores tarifas, sem atravessadores.

Povo mineiro precisa pressionar Anastasia para acabar com essa maracutaia

A Telebras e o governo federal tem feito acordos com os governos estaduais de boa vontade, como no Rio Grande do Sul, para interligar as redes estaduais disponíveis ao Plano Nacional de Banda Larga, e oferecer conexões de baixo custo acessível a todos.

E aí, governador Anastasia? Quando vai parar de bancar os barões da telefonia privada, com banda-larga de altíssima velocidade na porta da casa dos ricos, em vez de aderir ao PNBL (Plano Nacional de Banda Larga) do governo Dilma, para todos os mineiros?

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