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terça-feira, 19 de abril de 2011

Após migração de Kassab, oposição é a menor em 16 anos

Desde que o prefeito Gilberto Kassab anunciou a criação do PSD (Partido Social Democrático), a oposição à presidente Dilma Rousseff não para de minguar e pode ser reduzida a menos de cem deputados. É um cenário inédito nos últimos 16 anos.

Com a debandada de deputados para o partido de Kassab — que abrirá as portas para a adesão á base aliada ao governo Dilma —, a oposição representada por PSDB, DEM e PPS terá somente 96 deputados. Proporcionalmente, a oposição brasileira é menor do que em países vizinhos como a Venezuela e a Bolívia.

Desde a retomada das eleições diretas, em 1989, somente o presidente Itamar Franco, atual senador pelo PPS de Minas Gerais, teve uma Câmara tão dócil. Naquela ocasião, à exceção do PT, houve certa mobilização política para recuperar o país que vinha do impeachment de Fernando Collor (que atualmente também está no Senado).

Já nos governos de Collor, Fernando Henrique e Lula, nunca a oposição ficou restrita a um número tão pequeno como agora. Mesmo em momentos difíceis, a oposição chegava a três dígitos.

São Paulo

Para além do Congresso, a situação de tucanos e demos se fragiliza até mesmo onde esses partidos pareciam estáveis. Em São Paulo, cinco vereadores do PSDB anunciaram, nesta segunda-feira, a saída do partido. Mais dois tucanos ainda estão em dúvida se tomarão o mesmo caminho.

A movimentação fortaleceu Kassab e agravou a crise dentro do grupo político liderado na capital paulista pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Pela primeira vez desde 2001, os tucanos deixaram de ter a maior bancada na Câmara Municipal. Além de passar de 13 para oito (ou talvez seis) cadeiras no Legislativo, o PSDB também viu seu principal adversário político, o PT, tornar-se a maior bancada: 11 parlamentares.

A saída dos tucanos foi marcada por críticas às lideranças do diretório municipal da sigla. Eles se disseram perseguidos por terem apoiado Kassab na eleição municipal de 2008. Alckmin, sem apoio da bancada tucana à época, não conseguiu nem disputar o segundo turno.

"O PSDB tem hoje um projeto de poder que foge dos princípios que nortearam a fundação do partido", lembrou o presidente da Câmara, José Police Neto — que pode aderir nos próximos dias ao PSD. A sigla também deve ser o caminho de pelo menos outros três ex-tucanos com cargos na administração municipal — Juscelino Gadelha, Ricardo Teixeira e Dalton Silvano já adiantaram a Kassab que se filiarão à nova sigla.

Da Redação, com informações da Agência Estado

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