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terça-feira, 21 de junho de 2011

PNBL e "Ley dos médios": a agenda do futuro e a do passado

Até o segundo dia do Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, vários temas foram alvo de debates acalorados, mas dois deles polarizaram as discussões: a regulação dos meios de comunicação e o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

É óbvio que ambos são importantes, mas é preciso uma visão política estratégica, para gerar consequências transformadoras da realidade. E a ordem das batalhas afetam o resultado da guerra.


A batalha número zero deve ser o PNBL, porque é a mídia dominante do futuro imediato. E sem perfeccionismos ideológicos, porque o pobre não pode esperar para ter banda larga. O governo está intransigente em garantir ao brasileiro no mínimo 1 Mbits ao preço de mercado de de até R$ 35,00 sem injetar dinheiro público em teles privadas. Se as teles privadas fizerem isso rapidamente no maior número possível de localidades, inclusive barateando onde já atende, por que ser contra? Enquanto isso a Telebrás continua crescendo com seu programa voltado para os milhares de provedores menores, com prefeituras, e com quem for interessante.


Mas não basta o PNBL como infraestrutura e inclusão de milhões de domicílios conectados. Para vencer essa primeira batalha é preciso uma política "industrial" de fomento da nova mídia, ou seja, os blogs independentes, redes sociais e portais alternativos que tenham dedicação profissional (e desvinculados de corporações da velha mídia e de portais corporativos).


Entre estas políticas de fomento, podemos citar:


- Um programa "MICROMÍDIA": a exemplo do microcrédito, criar um programa de cotas de verbas publicitárias para pequenos blogueiros. É preciso realçar que este programa também funciona como "primeiro emprego" para recém-formados em jornalismo.


- Incluir blogs independentes, de grande audiência, nos planos de mídia da propaganda governamental e de estatais.


- fomento para atividades de agência de notícias independentes.


- fomento para desenvolvimento de portais independentes agregadores de blogs com noticiário também esportivo, cultural, de entretenimento e de serviços informativos (resultado de loterias, previsão do clima, etc).


Sem estes programas de fomento, o PNBL não trará a real democratização dos meios de comunicação de massa, pois o internauta continuará dependente do "prato feito" pelos portais da velha mídia, como Globo, Uol, Estadão, Veja, etc. E a gente se limitará ao colunismo de opinião e eventuais furos de reportagem.


Quanto a "Ley dos médios", que venha um Marco Regulatório, porque a TV e rádio ainda tem sua importância, não serão extintos, e o oligopólio atual prejudica até o crescimento econômico do setor e a geração de empregos. Mas é preciso ter em mente que tal marco talvez deva ser feito em duas etapas. A primeira menos ambiciosa, sem pretensões de "quebrar a espinha dorsal" da Globo e as demais empresas da velha mídia.


Quando a fomento à blogosfera estiver realizado, haverá condições objetivas para reformas mais pretensiosas.


Não vale a pena travar uma primeira batalha "sangrenta" apenas para obrigar a Globo a se livrar do decadente jornal "O Globo" em papel, por exemplo.


É bem provável que a Globo (que quer queiram, quer não, tem visão estratégica), não se importe muito em "negociar" livrar-se do jornal decadente dentro de um prazo de carência de alguns anos, desde que abocanhe a audiência dos novos internautas do PNBL.


Se for para sairmos desta batalha sangrenta contra a velha mídia do passado, mesmo que "vitoriosos" por esse lado, mas enquanto estávamos ocupados, uma Globo corria por fora conquistando a audiência dos novos internautas do PNBL, a "vitória" se transformará em derrota. E estaremos sem forças para entrar na batalha pelo fomento da blogosfera, perderemos a guerra.


É por isso que, neste caso, a ordem dos fatores altera o produto. É preciso primeiro conquistar o território do futuro que não pertence a ninguém (ainda), para depois vencer as forças obscuras do passado.

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