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quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Câmara: Vaccarezza desiste e Marco Maia será o candidato do PT

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), abriu mão da disputa interna no PT pela presidência da Câmara. Com a decisão, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (RS), será o indicado da bancada para presidir a Câmara no biênio 2011-2012.

A decisão foi tomada em conturbada reunião da bancada petista realizada nesta terça-feira (14). O deputado Arlindo Chinaglia (SP) também pretendia ser o candidato do partido ao comando da Câmara. Mas sem apoio suficiente, retirou o nome da disputa interna do PT e declarou apoio a Marco Maia.

Ao anunciar a desistência, Chinaglia argumentou que o indicado do PT deveria ser alguém com “trânsito em todas as correntes do partido”. Na contagem feita por Chinaglia, 22 dos 88 parlamentares apoiariam sua indicação.

As correntes Movimento PT e Articulação de Esquerda, que apoiavam Chinaglia, prometeram transferir o apoio para o deputado gaúcho. 

A manobra foi condenada por integrantes do grupo de Cândido Vaccarezza (SP), que já previam dificuldades para mantê-lo forte na disputa, embora Vaccarezza trabalhasse há pelo menos um ano para se viabilizar no cargo.

As desistências de Chinaglia e Vaccarezza representam, de certo modo, uma perda de poder para o PT paulista.

Maia entrou na disputa como um azarão e acabou canalizando todas as insatisfações dos petistas. A bancada de Minas Gerais não apoiou Vaccarezza, porque Patrus Ananias foi escanteado do primeiro escalão. A corrente interna Democracia Socialista (DS) ficou com Maia porque perdeu o Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e ficou sem representação no Executivo. "A DS sepultou a eleição de Vaccarezza", afirmou o deputado André Vargas (PT-PR), um dos principais apoiadores da candidatura de Vaccarezza.

A corrente Mensagem ao Partido (segundo em número de deputados na Câmara), que trabalha articulada com a DS, ficou também com Maia. Com isso, se a decisão fosse a voto, o gaúcho teria pelo menos 50 dos 88 votos da bancada, já que contava também com boa parte dos votos do campo majoritário, ao qual pertence.

Pauta sindical

A reunião da bancada, que seria nesta manhã, foi adiada para a tarde porque a bancada entendeu que ainda havia chance de consenso e resolveu conversar, abrindo também a possibilidade para os candidatos construírem maioria dentro do partido. Ao chegar ao encontro, pela manhã, Maia mostrou disponibilidade em encontrar um consenso. Já Vaccarezza reconheceu a dificuldade de consenso ao afirmar que não havia “favoritos, nem nomes naturais” no processo de escolha.

Vaccarezza teve seu nome contestado publicamente nos últimos dias por militantes petistas e líderes sindicais depois que concedeu uma entrevista à revista Veja apontando supostos "equívocos" nas pauta sindical junto ao legislativo e se aproximando de opiniões alinhadas com setores conservadores. Além disso, Vaccarezza é atritado com várias correntes de seu próprio partido por seu estilo agressivo no trato das divergências.

Vanessa: bloco irá debater plataforma

Para a deputada federal e senadora eleita Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), esse resultado é fruto do que o deputado Cândido Vaccarezza plantou. "Não nos intrometemos nos assuntos do PT. Posicionando-me como integrante da Câmara e líder de um partido influente na Casa, percebo que a decisão levou mais em conta os interesses do conjunto da Câmara do que os interesses do PT em estrito senso. Efetivamente, havia grande resistência à candidatura de Vaccarezza, pelos métodos com que se conduz no trato dos deputados e das bancadas. A candidatura do deputado Marcos Maia é uma boa notícia. Ele tem origem operária, foi militante do movimento operário e sindical no Rio Grande do Sul, é um político agregador, homem do diálogo, modesto, capaz de escutar seus interlocutores políticos", avalia a deputada comunista.

Mesmo fazendo essa avaliação, a deputada Vanessa Grazziottin considera que é cedo para o PCdoB anunciar seu apoio à candidaturade Maia. "O Partido está empenhado neste momento na construção de um bloco com o PSB, o PDT, o PRB e possivelmente o PV, para a partir daí debater uma plataforma política a ser implementada na próxima gestão da mesa da Câmara", afirmou.

Batalha prolongada

Além do comando da Casa, a disputa interna no PT envolve outros cargos de poder como a liderança da bancada e a presidência de comissões importantes da Câmara. Após a escolha do candidato a presidente, feita em dois turnos de votação, os petistas irão escolher o futuro líder da bancada.

Os antagonismos no seio do PT são apenas o primeiro episódio de uma longa disputa até a decisão de quem será o presidente da Câmara dos Deputados. O partido fez um acordo com o PMDB para governar a Casa nos próximos quatro anos. Ao PT caberia o primeiro biênio. Mas o acordo não é compartilhado por outros partidos que compõem a aliança que levou Dilma à vitória nas eleições presidenciais. Além de possuir conteúdo centrista, denota um inaceitável monopólio do poder pelas duas legendas.

Com agências

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