Dirceu, a CPI e o mensalão.
Com medo, PiG pede pizza
Extraído do Blog do Dirceu:
CPMI: versão adotada pela mídia do ‘acordão’ PT-PMDB-PSDB é um equívoco
A mídia adotou uma linha
equivocada ao insistir que houve um acordão entre PT-PMDB-PSDB na
Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o caso
Carlos Cachoeira. Segundo tal versão o objetivo de pretenso acordo
seria, entre outras coisas, o de não convocar os governadores até agora
citados nos grampos do bicheiro e seu círculo de relações. Pretende-se
vender a falsa ideia de que algo que mal começou teria terminado em
pizza.
Minha avaliação é outra.
Entendo que o roteiro adotado pela Comissão de Inquérito é correto e
objetivo: estudar todos os autos e áudios, ouvir os delegados
responsáveis pelos inquéritos que deram origem à CPI – como já fez –,
convocar os auxiliares dos governadores e da Delta. É o caminho certo
para decidir se, em seguida, convoca ou não os três governadores, como
quer o PSDB, ou apenas Marconi Perillo, como querem PT e PMDB.
O prosseguimento da linha de
trabalho adotada pela CPI mista do Congresso vai permitir, também, que
se tome decisões sobre a convocação ou não de procuradores e
jornalistas. Se se investiga ou não a revista VEJA e sua relação com o
esquema Carlos Cachoeira-Demóstenes Torres.
Diversionismo
Não podemos e não devemos nos
deixar levar por incidentes como o da não convocação dos governadores
nesta semana e o torpedo do deputado Cândido Vaccarezza para o
governador Sérgio Cabral – um incidente incapaz de definir o destino de
uma CPMI. É um erro confundir tais incidentes com indícios, provas e
elementos para investigar o crime organizado e suas ramificações nos
três poderes do país.
Há indícios sim, e são muito
fortes, sobre a participação decisiva no esquema criminoso de um senador
que foi líder do DEM e da oposição. Um senador que foi membro do
Ministério Público e que se apresentava como representante das demandas
corporativas dos procuradores e do Judiciário, seja junto ao
Legislativo, seja diante do Executivo.
Também são ridículas, risíveis
mesmo, as tentativas de apresentar a relação do governador de Goiás com
Carlos Cachoeira no mesmo nível das do Governador do Rio de Janeiro com o
controlador da Delta. Em Goiás o crime organizado capturou o Estado e,
neste caso, os elementos, indícios e provas já existentes mais do que
justificam um investigação pela CPMI.
Mais diversionismo
Não vamos esquecer que no
início do noticiário sobre a operação Monte Carlo, lá atrás, certa mídia
fez de tudo para trazer de volta o caso Waldomiro Diniz. Naquela
ocasião, a citação do meu nome era permanente, às vezes com mais
destaque que a própria CPMI. Mas, com o aparecimento da participação do
senador Demóstenes Torres no esquema, esta sim uma verdadeira bomba
atômica que deixou muita gente desnorteada, a manobra diversionista
ficou desmoralizada.
Depois vieram as tentativas de
envolver membros do Governo Federal, como Olavo Noleto e até o ministro
Alexandre Padilha. Depois, outra tentativa diversionista,
pretendendo-se desviar o foco principal da CPMI para Brasília e a
empresa Delta. E agora, finalmente, essa polêmica sobre a convocação dos
governadores.
Indícios há, e são muitos.
Insisto que a CPMI deve manter seu plano de trabalho. Aí sim, tendo as
informações, vai decidir por exemplo se convoca ou não os jornalistas.
Não adianta que certa mídia levante o argumento surrado da ameaça à
liberdade de imprensa diante dos indícios que já apareceram.
Falou-se, por exemplo, em mais
de 200 telefonemas entre o diretor da revista VEJA em Brasília e a dupla
Carlos Cachoeira-Demóstenes Torres. Na troca de informações pela
publicação de matérias de interesse de um esquema criminoso. No conluio
para o uso de gravações obtidas ilegalmente. São coisas que precisam ser
esclarecidas. E as informações já estão lá, nos inquéritos das
operações Vegas e Monte Carlo. É preciso levantá-las em sua totalidade
e, em seguida, divulgá-las.
E também não vamos nos esquecer
da tentativa de aumentar ainda mais a confusão e a cortina de fumaça,
insistindo com a versão de que o necessário esclarecimento da decisão da
Procuradoria Geral da República de não investigar o esquema Carlos
Cachoeira-Demóstenes Torres em 2009, como afirmou a Polícia Federal,
seria algo envolvendo o PT e relacionando-o com o julgamento da Ação
Penal 470 no Supremo Tribunal Federal, chamada de mensalão.
Se a CPMI seguir seu roteiro de
buscar e dar transparência a todas as informações, nada do que a mídia
está prevendo acontecerá. Ao contrario, será uma das CPIs mais
importantes dos últimos 30 anos e cumprirá um papel extraordinário na
vida política do país.
Clique aqui para ler “Carta e Record: e vem dizer que o Robert(o) e o Policarpo não sabiam”.
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