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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Depois dos bancos, Dilma promete encarar montadoras 
Foto: Divulgação

Depois dos bancos, Dilma promete encarar montadoras

Presidente pretende abrir caixa-preta dos fabricantes de veículos e forçá-los a reduzir margens de lucro

27 de Maio de 2012 às 10:16
247 – Depois de comprar uma briga com o setor financeiro, na questão das taxas de juros, a presidente Dilma Rousseff tem agora um novo alvo: as montadoras de automóveis que, segundo ela, recebem incentivos exagerados do governo federal e não os transferem aos consumidores. O carro brasileiro é um dos mais caros do mundo. Leia, abaixo, reportagem da Folha sobre o tema:
Dilma quer abrir 'caixa-preta' de montadoras e cortar lucros
Governo avalia que dá incentivos ao setor sem conhecer sua situação financeira
Para o Planalto, as margens de lucro são altas e deixam os carros nacionais muito caros em relação aos demais
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA
EDUARDO SODRÉ

EDITOR-ADJUNTO DE “VEÍCULOS”
Após a batalha da presidente Dilma Rousseff contra os juros dos bancos, o governo abrirá em breve outro front: quer que as montadoras de veículos no país abram as contas e margens de lucro.
O Executivo avalia que dá incentivos a um setor sem conhecer a real situação financeira das fabricantes. Por isso, deseja "sair do escuro" e, eventualmente, cobrar reduções mais agressivas de preços, sobretudo, quando houver incentivos federais, como os anunciados na segunda.
Por lei, companhias de capital fechado, a maioria do setor, não são obrigadas a divulgar seus balancetes.
Interlocutores de Dilma disseram à Folha que, após as medidas emergenciais para reduzir os estoques de carros, o próximo passo é atuar para, se for o caso, reduzir o "spread" das montadoras.
Trata-se de uma investida semelhante à do Planalto junto aos bancos, ação que teria rendido, conforme pesquisas extraoficiais de opinião, alguns pontos percentuais a mais na aprovação de Dilma.
Procurada, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automores) não quis se pronunciar.
Integrantes da cúpula do governo estão convencidos de que o carro brasileiro é caro não só pelo elevado nível de imposto (cerca de 30%, conforme Anfavea). Afirmam que, se os custos nacionais são altos, a margem de lucro das fabricantes também é. Em 2009, sob o impacto da crise externa, houve prejuízo das montadoras em suas sedes, mas não no Brasil.
Representantes do setor serão chamados a Brasília para negociar a abertura de contas, e medidas legais podem torná-la obrigatória. O clima não é de guerra, mas a diferença de preços de carros no país e no mundo incomoda.
Na Argentina, o Renault Duster 2.0 4x4 é vendido pelo equivalente a R$ 56.883. No Brasil, custa R$ 61.470. Em parte, essa diferença é explicada pela carga tributária e pelo "custo Brasil" (logística e mão de obra). Mas estudos de consultorias apontam lucro até duas vezes superior à média mundial.

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