Manifestação em apoio a Dilma levou mais de 2 mil pessoas ao Tuca, em São Paulo
Frei Betto e Júlio Lancelotti roubam a cena em ato pró-Dilma
Mais de 2 mil acadêmicos, escritores, estudantes, juristas, políticos e lideranças sociais tomaram o Tuca (Teatro da Universidade Católica), na PUC-SP, nesta terça-feira (19), em ato de apoio à presidenciável Dilma Rousseff. Apesar do caráter do evento – cujo objetivo era apresentar um manifesto de intelectuais e juristas pró-Dilma –, quem roubou a cena foram dois líderes religiosos progressistas: o padre Júlio Lancellotti e o frade dominicano Carlos Alberto Libânio, o Frei Betto.
A 12 dias do segundo turno das eleições, eles criticaram a forma “oportunista” como segmentos católicos se aliaram ao candidato tucano José Será para rechear a campanha de inverdades e calúnias. “Lamento que bispos panfletários estejam dizendo por aí tantas mentiras sobre a companheira Dilma”, expressou Frei Betto. De acordo com ele, as insinuações e denúncias contra a petista não passam de “opiniões mentirosas, caluniosas e injuriosas”.Leia também
O frade não fugiu sequer do tema do aborto e saiu, mais uma vez, em defesa da candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando. “O que esse pessoal (da campanha Serra) precisa entender é que a lei do aborto não impede o aborto. O que impede o aborto é a política social, é o salário, é o Bolsa Família, é a distribuição de renda.” Frei Betto também afirmou que a eleição de Dilma é a garantia de continuidade da “primavera democrática” por que passa, nos últimos 12 anos, a América Latina.
Já Júlio Lancelotti, que lidera a Pastoral da Rua, centrou suas críticas na política de higiene social posta em prática durante a gestão de Serra na Prefeitura paulistana. “José Serra é o pai do higienismo em São Paulo. Foi ele que começou a jogar água e gás de pimenta nos povos de rua”, afirmou o padre, que dissecou esse mesmo tema, em maio, numa entrevista exclusiva ao Vermelho.
Lancelotti arrancou ainda mais aplausos do público quando desmascarou líderes católicos que aderem aos governos de plantão e tentam despolitizar a população. Segundo ele, “a igreja deve estar onde o povo está, lavar os pés dos pobres – e não dominar a consciência das pessoas”. Pouco antes, em crítica ao uso de temas religiosos na campanha, o líder da Pastoral de Rua sustentou que a igreja tem de “libertar”, e não “aprisionar”.
As paredes do Tuca
Dilma, ausente, gravou um vídeo exclusivo, que foi exibido num telão e pelo qual ela agradeceu ao apoio dos diversos segmentos presentes. A candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando também renovou, na gravação, seu “compromisso com os valores democráticos” e enalteceu os avanços sociais garantidos nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nosso governo continuará sendo conduzido de forma republicana”, declarou Dilma.
Vários oradores, a começar pelo deputado federal eleito Gabriel Chalita (PSB), sublinharam o simbolismo de realizar um ato político diante das “paredes marcadas” do Tuca – palco de incontáveis manifestações em defesa da liberdade e da democracia durante o regime militar (1964-1985). Em sua gravação, Dilma se referiu ao local do encontro como “palco sagrado da liberdade”. O senador Aloizio Mercadante citou as “paredes machucadas pelo tempo”, que abrigaram manifestações históricas, como o “ato mais importante pela anistia”.
Ana Maria Araújo Freire, a Nita, viúva do educador Paulo Freire, também foi muito aplaudida. “Paulo Freire está aqui conosco, porque está com o Brasil, com a Justiça e com a democracia. Até o último minuto de vida, Paulo não passou para o outro lado do rio”, afirmou Nita, que evocou, ainda, o exemplo de Oscar Niemeyer. Aos 102 anos e mesmo de cadeira de rodas, o arquiteto participou, um dia antes, no Rio, de evento similar ao do Tuca – um ato de intelectuais e artistas em apoio a Dilma.
O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, professor emérito da PUC e um dos idealizadores do ato em São Paulo, deixou uma gravação em que faz apelo à “sensatez” dos eleitores. “Dilma tem participação direta no processo de evolução da sociedade”, afirmou ele, centrando sua fala na defesa da política de erradicação da miséria iniciada no governo Lula. “Votar em Dilma não é votar em promessas ou palavras. É votar em ação – e é mais sensato escolher as realizações.”
Entre os políticos presentes, também discursaram a deputada federal Luiza Erundina (PSB), o senador Eduardo Suplicy (PT) e a senadora eleita Marta Suplicy (PT), além do deputado José Eduardo Cardozo (PT), um dos coordenadores da campanha Dilma. O PCdoB foi representado na mesa do ato pelo deputado federal Aldo Rebelo, pelo vereador em São Paulo Jamil Murad e pelos deputados eleitos Protógenes Queiroz (federal) e Lecy Brandão (estadual).
“Representamos aqui não mil ou 2 mil pessoas, mas os 82% de brasileiros que aprovam o governo Lula”, afirmou o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Na mesma linha de Bandeira de Mello, Thomaz Bastos definiu Dilma como “um projeto cuja causa final é a erradicação da miséria” no Brasil. “Todo mundo tem o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar.”
"Onda vitoriosa"
O ato no Tuca foi encerrado com a apresentação do manifesto de intelectuais e juristas pró-Dilma, lido por Luiz Edson Fachin, da Universidade Federal do Paraná. Michel Temer – que, em nome da candidata, recebeu o documento – declarou que tanto o evento em São Paulo como o do Rio se destacaram pela “quantidade numérica e qualitativa” de participantes. “Sim, é a onda vitoriosa que percorre o país”.
Segundo Temer, “Dilma lutou por um tempo pela democracia política, que parecia inviável – mas nós conseguimos. O governo Lula mostrou a necessidade da democracia do pão sobre a mesa, da justiça social. Dilma é a fusão dessas concepções e dessas ideias”.
De São Paulo,
André Cintra
Já Júlio Lancelotti, que lidera a Pastoral da Rua, centrou suas críticas na política de higiene social posta em prática durante a gestão de Serra na Prefeitura paulistana. “José Serra é o pai do higienismo em São Paulo. Foi ele que começou a jogar água e gás de pimenta nos povos de rua”, afirmou o padre, que dissecou esse mesmo tema, em maio, numa entrevista exclusiva ao Vermelho.
Lancelotti arrancou ainda mais aplausos do público quando desmascarou líderes católicos que aderem aos governos de plantão e tentam despolitizar a população. Segundo ele, “a igreja deve estar onde o povo está, lavar os pés dos pobres – e não dominar a consciência das pessoas”. Pouco antes, em crítica ao uso de temas religiosos na campanha, o líder da Pastoral de Rua sustentou que a igreja tem de “libertar”, e não “aprisionar”.
As paredes do Tuca
Dilma, ausente, gravou um vídeo exclusivo, que foi exibido num telão e pelo qual ela agradeceu ao apoio dos diversos segmentos presentes. A candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando também renovou, na gravação, seu “compromisso com os valores democráticos” e enalteceu os avanços sociais garantidos nos dois mandatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Nosso governo continuará sendo conduzido de forma republicana”, declarou Dilma.
Vários oradores, a começar pelo deputado federal eleito Gabriel Chalita (PSB), sublinharam o simbolismo de realizar um ato político diante das “paredes marcadas” do Tuca – palco de incontáveis manifestações em defesa da liberdade e da democracia durante o regime militar (1964-1985). Em sua gravação, Dilma se referiu ao local do encontro como “palco sagrado da liberdade”. O senador Aloizio Mercadante citou as “paredes machucadas pelo tempo”, que abrigaram manifestações históricas, como o “ato mais importante pela anistia”.
Ana Maria Araújo Freire, a Nita, viúva do educador Paulo Freire, também foi muito aplaudida. “Paulo Freire está aqui conosco, porque está com o Brasil, com a Justiça e com a democracia. Até o último minuto de vida, Paulo não passou para o outro lado do rio”, afirmou Nita, que evocou, ainda, o exemplo de Oscar Niemeyer. Aos 102 anos e mesmo de cadeira de rodas, o arquiteto participou, um dia antes, no Rio, de evento similar ao do Tuca – um ato de intelectuais e artistas em apoio a Dilma.
O jurista Celso Antônio Bandeira de Mello, professor emérito da PUC e um dos idealizadores do ato em São Paulo, deixou uma gravação em que faz apelo à “sensatez” dos eleitores. “Dilma tem participação direta no processo de evolução da sociedade”, afirmou ele, centrando sua fala na defesa da política de erradicação da miséria iniciada no governo Lula. “Votar em Dilma não é votar em promessas ou palavras. É votar em ação – e é mais sensato escolher as realizações.”
Entre os políticos presentes, também discursaram a deputada federal Luiza Erundina (PSB), o senador Eduardo Suplicy (PT) e a senadora eleita Marta Suplicy (PT), além do deputado José Eduardo Cardozo (PT), um dos coordenadores da campanha Dilma. O PCdoB foi representado na mesa do ato pelo deputado federal Aldo Rebelo, pelo vereador em São Paulo Jamil Murad e pelos deputados eleitos Protógenes Queiroz (federal) e Lecy Brandão (estadual).
“Representamos aqui não mil ou 2 mil pessoas, mas os 82% de brasileiros que aprovam o governo Lula”, afirmou o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Na mesma linha de Bandeira de Mello, Thomaz Bastos definiu Dilma como “um projeto cuja causa final é a erradicação da miséria” no Brasil. “Todo mundo tem o direito de tomar café da manhã, almoçar e jantar.”
"Onda vitoriosa"
O ato no Tuca foi encerrado com a apresentação do manifesto de intelectuais e juristas pró-Dilma, lido por Luiz Edson Fachin, da Universidade Federal do Paraná. Michel Temer – que, em nome da candidata, recebeu o documento – declarou que tanto o evento em São Paulo como o do Rio se destacaram pela “quantidade numérica e qualitativa” de participantes. “Sim, é a onda vitoriosa que percorre o país”.
Segundo Temer, “Dilma lutou por um tempo pela democracia política, que parecia inviável – mas nós conseguimos. O governo Lula mostrou a necessidade da democracia do pão sobre a mesa, da justiça social. Dilma é a fusão dessas concepções e dessas ideias”.
De São Paulo,
André Cintra
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